Vasco Decepciona em Casa, Empata com Grêmio e Vê Z-4 se Aproximar

A tarde de sábado em São Januário reservava uma oportunidade de redenção para o Vasco, um reencontro com sua torcida após a desastrosa goleada de 4 a 0 sofrida para o Independiente del Valle. Contudo, o que se viu foi mais um capítulo de frustração: um empate por 1 a 1 com o Grêmio, um adversário que também atravessa um momento complexo. O resultado, longe de ser um alívio, apenas acentua a apreensão e a proximidade da zona de rebaixamento.

Desde os primeiros instantes, o ambiente no "Caldeirão" refletia a tensão que cerca o clube. Os atletas foram recebidos com um claro recado: "obrigação é ganhar no Caldeirão". A insatisfação se manifestou de forma mais contundente contra João Victor, alvo de vaias e ofensas antes e nos minutos iniciais da partida. O defensor havia sido um dos focos das manifestações de uma torcida organizada no CT, que buscou diálogo com os jogadores e expressou seu descontentamento à diretoria e comissão técnica.

Decisões Táticas e a Pressão Inicial

Havia uma expectativa palpável por alterações na formação inicial, especialmente no setor defensivo, dada a recorrência de falhas coletivas e individuais que transformaram o Vasco na equipe mais vazada da Série A nesta temporada. No entanto, Fernando Diniz, fiel à sua filosofia de trabalho, optou por manter a base da equipe que enfrentou o Del Valle.

A única alteração foi a entrada de David, substituindo GB, que sentiu um desconforto muscular. David , em sua primeira partida como titular desde a grave lesão no joelho em setembro do ano anterior, foi um dos poucos pontos positivos do confronto. Atuando como segundo atacante, demonstrou bom desempenho e construiu boas jogadas pelo lado esquerdo com Nuno Moreira, enquanto esteve em campo.

O início da partida foi marcado pelo nervosismo vascaíno, influenciado pela pressão ambiental. Nos primeiros vinte minutos, o Grêmio, embora limitado, teve maior presença ofensiva, criando chances claras para abrir o placar. O técnico Mano Menezes soube explorar a tensão e as vaias direcionadas aos zagueiros vascaínos, buscando jogadas que se aproveitassem de possíveis erros da dupla. Cristian Oliveira e Gustavo Martins tiveram boas oportunidades, mas Léo Jardim, mais uma vez, se mostrou intransponível.

Foto: (Dhavid Normando)

O Alívio Breve e a Fragilidade Defensiva

A segunda metade do primeiro tempo trouxe um Vasco mais sereno. O apoio da torcida, que cessou as vaias a João Victor e Lucas Freitas, pareceu surtir efeito, e a dupla de zaga mostrou mais segurança, elevando o nível de atuação. A partir de então, o controle do jogo passou para os donos da casa. A equipe chegou a balançar as redes com Hugo Moura, mas o lance foi anulado. Vegetti, cara a cara com o goleiro, acertou a trave, e João Victor desperdiçou uma cabeçada, indicando que o gol vascaíno estava próximo.

O retorno para o segundo tempo mostrou um Vasco ainda mais propositivo, exercendo pressão no campo ofensivo. A recompensa veio aos 18 minutos, com o gol de Lucas Freitas , um dos alvos da torcida. Foi seu primeiro gol com a camisa cruzmaltina, após uma sobra de escanteio na área. A comemoração emocionada do zagueiro traduzia o desabafo de toda a pressão que recaía sobre ele e o time.

Contudo, a vantagem durou pouco. Logo após o gol, a equipe inexplicavelmente recuou, permitindo ao Grêmio, até então pouco incisivo, avançar em campo. Aos 30 minutos, o atacante David , que vinha sendo peça fundamental na dinâmica ofensiva vascaína, foi substituído pelo volante Mateus Carvalho. Uma mudança que, para muitos, coincidiu com a perda de ímpeto do Vasco .

A Polêmica da Substituição e o Gol Sofrido

Na coletiva de imprensa pós-jogo, Fernando Diniz defendeu sua decisão, explicando que a comissão técnica já havia estabelecido uma minutagem reduzida para David devido à sua recente recuperação de lesão. Ele também refutou a ideia de que a entrada de Mateus Carvalho causou o recuo da equipe:

Em relação às mudanças, não tem absolutamente nada a ver, o time não recuou porque o Mateus Carvalho entrou. O Tchê Tchê tem o domínio para fazer qualquer função, o Nuno voltou para a função dele. O time recuou porque recuou, chutou umas bolas para frente que não precisava chutar. O time poderia ter calma para buscar o segundo gol. Imagina só se eu tivesse colocado o Loide, que era o único atacante de lado era o Loide. O gol provavelmente ia sair do mesmo jeito, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Aí o questionamento ia ser outro: você acha que perdeu porque entrou o Loide?

Seja por coincidência ou não, foi a partir daquela alteração que o Grêmio se lançou com mais intensidade ao ataque, e precisou de pouca resistência, além de se beneficiar dos erros vascaínos, para chegar ao empate. Aos 34 minutos, Pavón cruzou pela direita, e a bola atravessou toda a área até encontrar Gustavo Martins, que, livre, cabeceou para igualar o placar. O gol reiterou um dos problemas crônicos do Vasco : a vulnerabilidade em jogadas aéreas.

Este foi o 24º gol sofrido pelo Vasco em 2025 a partir de bolas pelo alto, representando mais da metade dos 45 gols totais que a equipe já levou na temporada. Os dados revelam uma preocupante fragilidade defensiva:

A virada para o Grêmio quase veio em seguida, em um chute de cobertura de André Henrique que acertou o travessão de Léo Jardim . Diante da iminente perda da vitória, Diniz realizou mais uma mudança tática, retirando João Victor , recuando Hugo Moura para a zaga e colocando Loide Augusto em campo. Essa foi a segunda e última substituição do treinador na partida.

O Desfecho Amargo e os Próximos Desafios

Com o amargor do empate já evidente, o Vasco buscou o ataque nos minutos finais, e Tiago Volpi precisou fazer uma boa defesa em cabeçada de Vegetti . No entanto, o placar não se alterou, consolidando a decepção, como o próprio Fernando Diniz resumiu no pós-jogo: "frustrado".

Dois pontos cruciais escaparam das mãos do Vasco , em um cenário que historicamente representava um porto seguro para a equipe em momentos de dificuldade: São Januário. Contra um Grêmio que, assim como o Vasco , enfrenta suas próprias dificuldades e ocupa uma posição similar na tabela, a oportunidade de afastar a má fase e retomar o caminho das vitórias era ideal. A perda desses pontos eleva ainda mais a pressão sobre o clube, com a zona de rebaixamento se aproximando perigosamente, justamente em um período de calendário apertado e sequência intensa de jogos.

O próximo compromisso da equipe é nesta terça-feira, em São Januário, às 21h30 (de Brasília), contra o Independiente del Valle. Uma missão quase impossível de reverter a goleada de 4 a 0 sofrida no Equador. No domingo, o desafio será ainda maior pelo Campeonato Brasileiro: o Internacional, no Beira-Rio.