Vasco: A Chave da Reviravolta Desde o Triunfo no Morumbi Revelada

A noite de 12 de junho, Dia dos Namorados, permanece vívida na memória dos torcedores vascaínos. Naquela ocasião, o Vasco da Gama impôs-se com autoridade sobre o São Paulo, vencendo por 3 a 1 no Morumbis, em uma das atuações mais convincentes sob o comando de Fernando Diniz naquele primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Tal desempenho não apenas consolidou a força Cruzmaltina, mas também resultou na subsequente demissão de Zubeldía do comando técnico do time paulista. Àquele tempo, Diniz mal completava um mês à frente do clube carioca, operando em um cenário distinto do atual. Agora, às vésperas do reencontro entre as equipes em São Januário, emerge a questão: o que se alterou substancialmente em pouco mais de quatro meses?

A Estruturação da Defesa e a Ascensão de Novas Peças

A reformulação do elenco vascaíno começou a tomar forma com a chegada de uma figura chave. Poucos dias após o emblemático triunfo no Morumbis, o Vasco formalizou a apresentação de seu novo diretor de futebol, Admar Lopes. Embora seu anúncio tenha ocorrido antes mesmo do confronto decisivo, o dirigente português iniciou sua jornada no clube em 18 de junho, em uma coletiva de imprensa na Barra da Tijuca. Sua presença foi o catalisador para uma janela de transferências estratégica, que resultou na incorporação de talentos que indiscutivelmente elevaram o patamar técnico da equipe.

Sob a supervisão de Lopes, seis atletas desembarcaram no Rio de Janeiro: Thiago Mendes, Carlos Cuesta, Robert Renan, Andrés Gómez, Matheus França e Cauan Barros. A influência mais perceptível dessa nova gestão se manifestou na linha defensiva. A dupla de zaga que atuou no Morumbis, composta por João Victor e Lucas Freitas, com Mauricio Lemos e Luiz Gustavo como opções no banco, foi completamente reconfigurada. O setor, historicamente pressionado nos últimos anos, passou por uma intensa e necessária transformação.

João Victor , cuja relação com a torcida se desgastara, foi negociado com o CSKA Moscou. Luiz Gustavo seguiu para o Bahia, enquanto Lemos foi progressivamente afastado, sem ser relacionado há mais de dois meses. Lucas Freitas também perdeu sua posição, tornando-se reserva. Em seus lugares, o clube agiu no mercado para contratar Carlos Cuesta e Robert Renan. A adaptação da nova dupla foi notavelmente rápida, e ambos solidificaram suas posições como titulares absolutos. Com Cuesta e Robert Renan em campo, o Vasco ostenta uma impressionante sequência de invencibilidade e uma marca de 419 minutos sem sofrer gols.

A Superação de Obstáculos e a Consolidação no Campeonato

A vitória contra o São Paulo marcou o último compromisso do Vasco antes da paralisação do calendário para a Copa do Mundo de Clubes. Havia uma expectativa considerável de que o período de recesso permitiria a Fernando Diniz aprofundar suas ideias e consolidar o modelo de jogo com o elenco . Contudo, a realidade pós-pausa divergiu significativamente das projeções. O Vasco atravessou o período mais desafiador sob o comando de Diniz, registrando sete partidas sem vitórias, culminando inclusive na eliminação da Copa Sul-Americana, nos playoffs, contra o Independiente del Valle. O balanço desse período foi de três derrotas e quatro empates.

Antes de engrenar no Campeonato Brasileiro, Diniz enfrentou um longo jejum de quatro meses sem vitórias como mandante na competição. Esse tabu foi finalmente rompido em 24 de setembro, com o triunfo sobre o Bahia, em uma partida atrasada da 16ª rodada, em São Januário. Essa vitória representou um ponto de inflexão, sinalizando o início de uma recuperação gradual e a reabilitação da equipe perante sua torcida em casa.

Movimentações no Elenco e o Dilema do Artilheiro

Paralelamente às mudanças na defesa, o elenco passou por outras alterações significativas. Loide Augusto e Alex Teixeira, que entraram em campo no segundo tempo daquela partida no Morumbis, já não fazem parte do plantel. O angolano Loide teve uma passagem breve por São Januário e, após a Copa de Clubes, viu suas chances diminuírem sob Diniz. A diretoria formalizou seu empréstimo ao Rizespor, da Turquia, por um ano, com cláusula de opção de compra. Sua trajetória no Vasco encerrou-se com 18 jogos, sem contribuições diretas em gols.

Alex Teixeira , por sua vez, rescindiu seu contrato de forma amigável no início de setembro. Sua última passagem pela Colina Histórica, embora tenha totalizado 27 partidas, registrou apenas uma atuação com participação em gols: contra o Atlético-GO, na 36ª rodada do Brasileirão de 2024, onde marcou um gol e contribuiu com uma assistência.

Um dos destaques daquela vitória no Morumbis, Vegetti, que marcou o terceiro gol, também vivenciou um período de questionamentos. Após a pausa para a Copa do Mundo de Clubes, o argentino acumulou atuações abaixo do esperado e enfrentou um jejum de oito jogos sem balançar as redes, sua pior sequência desde a chegada a São Januário. Esse declínio em seu rendimento o levou a perder a titularidade para Andrés Gómez. A sequência no banco de reservas começou contra o Fortaleza, onde não foi utilizado. No clássico contra o Fluminense, Vegetti entrou apenas na reta final, com o Vasco já em vantagem de 2 a 0.

A oportunidade de retornar ao time inicial surgiu contra o Bragantino, devido à ausência de Rayan, lesionado. Vegetti aproveitou a chance, marcando duas vezes na vitória por 3 a 0 em Bragança Paulista, em uma noite de redenção pessoal. Contudo, a expectativa é que o centroavante retorne ao banco de reservas com o retorno de Rayan , que treinou normalmente durante a semana, indicando a preferência tática do comando técnico.

O Vasco e o São Paulo se preparam para o reencontro neste domingo, às 20h30 (horário de Brasília), pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, em São Januário. Este confronto não é apenas mais um jogo, mas um espelho das profundas transformações vivenciadas pelo clube carioca desde aquele memorável Dia dos Namorados.