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Yago do Vasco: Ex-Campeão Revela Agonia na Prisão e Busca Retorno ao Futebol

Por Redação FutVasco em 06/08/2025 13:51

A trajetória de Yago Moreira Silva, outrora um nome promissor nas categorias de base e campeão estadual pelo Vasco em 2015, tomou um rumo inesperado e sombrio. Após passar pouco mais de seis meses detido no Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, o ex-jogador de 31 anos emerge com um depoimento contundente sobre os dias de agonia e a dura realidade enfrentada. Sua detenção, em flagrante, ocorreu durante uma operação da Polícia Militar no bairro Zumbi, em sua cidade natal, onde foi encontrado comercializando substâncias ilícitas e portando um revólver calibre 38 em sua residência.

A liberdade veio no último dia 30 de junho, após uma audiência de custódia. O magistrado responsável pelo caso em Cachoeiro proferiu uma condenação de um ano e oito meses de reclusão, a ser cumprida em regime aberto, reconhecendo o tráfico privilegiado. Embora agora esteja em liberdade, Yago terá a obrigação de registrar sua presença mensalmente no sistema de Justiça online, utilizando reconhecimento facial. Em um tom de profundo arrependimento, ele compartilhou com a reportagem seu desejo de retomar a carreira no futebol, prometendo veementemente que jamais repetirá as "escolhas erradas" que o levaram a essa situação.

Os Dias Sob Custódia: Uma Realidade Cruel

A experiência da prisão é descrita por Yago como uma das mais traumáticas de sua vida, um cenário que ele não desejaria a ninguém. O confinamento era marcado por condições precárias e superpopulação, com celas projetadas para abrigar de 10 a 11 indivíduos, mas que, na realidade, abrigavam 22 ou 23. A ausência de comodidades básicas, como televisão, forçava os detentos a buscar refúgio em rádios ou conversas. No entanto, para Yago, a Bíblia tornou-se uma fonte constante de consolo e reflexão, além de jogos improvisados com tampas de marmitex para passar o tempo.

A fé, aliás, ganhou um novo significado nesse período. Filho de uma mãe cristã, Yago encontrou na religiosidade um pilar dentro do sistema prisional, onde cultos eram realizados diariamente, de segunda a segunda. Essa vivência o aproximou da espiritualidade, e hoje ele acompanha a mãe em sua igreja, descrevendo sua fé em Deus como "uma coisa inexplicável". A família, em especial sua mãe, esposa, tias e avó, desempenhou um papel crucial, unindo-se para apoiá-lo. As visitas eram permitidas em fins de semana alternados, mas limitadas a 15 minutos no parlatório, por telefone. Apenas a cada três meses era possível um encontro com contato físico. "Nesses seis meses eu vi minha mãe duas vezes, assim, de abraço. De resto era só parlatório mesmo, no telefone", lamenta Yago.

Da Base Cruzmaltina ao Título Carioca

A história de Yago no futebol começou cedo, aos oito anos, em uma escolinha em Princesa do Sul, Cachoeiro de Itapemirim. Sua trajetória o levou ao Grêmio Santo Agostinho, onde, em 2005, foi artilheiro da Copa Gazetinha, chamando a atenção do olheiro Nelson Teixeira, que o conduziu ao Vasco . Em 2006, aos 11 anos, ele chegou ao Rio de Janeiro junto com talentos como Luan Garcia. Inicialmente, morou fora de São Januário, pois a concentração exigia 13 anos. Ao atingir a idade, dividiu alojamento com nomes que se tornariam referências no futebol nacional e internacional, como Souza, Alex Teixeira, Allan, Alan Kardec e Philippe Coutinho. Todos estudavam no Colégio Vasco da Gama, onde Yago completou o ensino médio.

O jogador, que se via como ponta-direita e tinha Ronaldinho Gaúcho como ídolo, recorda também a admiração por Dener, mesmo sem tê-lo acompanhado de perto. Seu talento o levou à Seleção Brasileira Sub-17, onde dividiu o campo com futuros astros. "Já fui convocado com o Marquinho do PSG", afirmou, citando também Henrique e Emerson (ex-lateral da seleção italiana). Aos 16 anos, assinou seu primeiro contrato profissional com o Vasco , com um salário de R$ 5.000, além de luvas. Com as convocações para a seleção de base, seus vencimentos aumentaram progressivamente, e ao ser promovido ao profissional, a remuneração já era "uma quantia boa", permitindo-lhe auxiliar sua família, que se mudara para o Rio de Janeiro com ele. Yago também se tornou pai aos 16 anos, de Maria Eduarda, hoje com quase 15.

A Queda e as "Escolhas Erradas"

O ponto alto de sua carreira foi o Campeonato Carioca de 2015, onde se sagrou campeão com o Vasco . Ele relembra dois jogos cruciais: a semifinal contra o Flamengo, onde o empate eliminaria o Vasco , e a final contra o Botafogo. Após a conquista, disputou seis jogos no Brasileirão antes de ser emprestado ao Minnesota, nos Estados Unidos. Em 2016, retornou ao Brasil para defender o Macaé, mas uma fratura na tíbia o afastou dos gramados até meados de 2017. A partir daí, as decisões de Yago começaram a se desviar.

Sua ida para a Coreia do Sul é descrita como "a primeira burrada que eu acho que fiz na minha vida". Apesar de um contrato de três anos e um salário de cerca de 20 mil dólares, a falta de adaptação o fez retornar prematuramente. No CSA de Alagoas, onde foi campeão alagoano, houve uma drástica redução salarial. A passagem foi breve, com apenas cinco jogos na Série B, encerrada por um "problema extracampo", uma "resenha" no apartamento que resultou na rescisão de seu contrato. Seguiram-se três meses sem clube, uma passagem pelo Retrô de Recife em 2019, e mais um ano no Kuwait. Yago reconhece abertamente: "Meu extracampo me atrapalhou muito. Eu era muito baladeiro."

O Desespero e a Reabilitação

A prisão, como ele confessa, foi resultado de "um ato de desespero". Sem clube e com um histórico de lesões, a situação se agravou. "Foi um ato de desespero. Como estava um tempo parado, sem clube, foi um ato de desespero. Mas... é uma escolha errada, totalmente errada. Eu estava machucado... Se arrependimento matasse, eu já estava morto." Yago detalha o momento da prisão: ele estava em um beco quando foi abordado por policiais. "Eu estava carregando umas coisas ilícitas mesmo, infelizmente." A chave de sua casa, encontrada em seu bolso, permitiu que os policiais a testassem em todos os cadeados do beco até encontrar sua residência. Lá, a arma foi localizada. "A arma era minha. Eles perguntaram de quem era. E eu falei que era minha. Porque era né. Se eu não falo, eles podiam ter levado a minha esposa."

Apesar da dureza do ambiente carcerário, Yago, que se descreve como mais recluso, encontrou no futebol uma válvula de escape durante o banho de sol, onde jogava diariamente com outros detentos que reconheciam sua trajetória. A recuperação da liberdade é um marco, e ele agradece imensamente à advogada Vanessa Ribeiro Chaves pelo auxílio. Sua mãe, que fará 50 anos, foi um pilar inabalável. "Foi difícil para ela. Eu não desejo isso para mãe nenhuma, para família nenhuma."

O Sonho de Recomeço e a Volta aos Gramados

Com 31 anos, Yago mantém viva a chama do futebol. "Meu sonho agora é voltar a jogar de novo." Ele já está treinando, frequentando a academia, e acredita que "Deus vai abrir a porta". A lesão na tíbia, que o afastou por tanto tempo, está 100% recuperada, e seu tornozelo está bem. Ele se sente em forma, pesando 70 kg, próximo aos 65-66 kg de seus tempos de jogador profissional, e correndo bem. "Dá para queimar lenha ainda. Ainda mais agora para, em nome de Jesus, calar a boca de muita pessoa. Porque tem muita gente que fala: 'Ah, já tá acabado, não dá mais'."

Enquanto aguarda a resolução de suas questões judiciais, Yago tem participado de "peladinhas" e já recebeu convites para campeonatos de várzea, onde a remuneração de R$ 2.000 por jogo pode ser um auxílio crucial. A expectativa é que, até o próximo ano, com a situação jurídica resolvida, ele possa disputar o Campeonato Capixaba por um clube que já o sondou. A história de Yago é um lembrete contundente das escolhas que moldam o destino, mas também da resiliência humana e da busca incessante por uma segunda chance. "Agora é bola para frente."

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Comentado em 06/08/2025 18:10 Vai Vasco! Tomara que o Yago queime a lenha e volte a brilhar, nada é impossível.
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Comentado em 06/08/2025 16:00 Slk, o Yago errou feio, mas tem raça de Vasco, torcendo pra ele voltar firme!
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