Vasco Vence Sport em Jogo Eletrizante: Análise Completa da Rodada 22

O discurso do técnico Fernando Diniz frequentemente sublinha a importância de um desempenho consistente para que o Vasco da Gama consiga se desvencilhar da delicada posição que ocupa no Campeonato Brasileiro. Contudo, em determinadas circunstâncias, a mera obtenção dos três pontos, independentemente da forma, adquire um valor supremo. O triunfo por 3 a 2 sobre o Sport, ocorrido no último domingo à noite na Ilha do Retiro, insere-se precisamente nesse contexto.

Não se pode afirmar que a exibição do Cruzmaltino tenha sido inteiramente desfavorável. A equipe demonstrou superioridade na etapa inicial e chegou a construir uma vantagem de 3 a 1 logo nos primeiros instantes do segundo tempo. No entanto, a incapacidade de manter um nível de atuação elevado por noventa minutos, uma característica recorrente em grande parte de seus jogos, tornou-se evidente. Os minutos finais na capital pernambucana foram de intensa pressão, e o empate, que teria sido um desfecho lamentável, quase se concretizou.

Estratégias Iniciais e Escalações Decisivas

As formações iniciais apresentaram particularidades em ambos os lados. Pelo Vasco , o técnico Fernando Diniz teve de lidar com a ausência de Paulo Henrique, o que levou à escalação de Puma Rodríguez na lateral direita. A espinha dorsal do time que havia empatado com o Botafogo dias antes foi mantida, incluindo a permanência de Cauan Barros preenchendo a vaga do lesionado Tchê Tchê.

Do lado do Sport, Daniel Paulista pôde contar com a presença de Lucas Lima, mas enfrentou desfalques importantes como Rafael Thyere e Igor Cariús. Para suprir essas ausências, João Silva e Aderllan foram acionados como substitutos, com Aderlan atuando improvisado, enquanto Kévyson, lateral-esquerdo de origem, permaneceu no banco de reservas.

O Domínio Cruzmaltino e a Reação Rubro-Negra

Confrontos entre equipes que lutam na parte inferior da tabela raramente exibem superioridade prolongada de um lado. O primeiro tempo na Ilha do Retiro corrobora essa observação. O Vasco , embora tenha demonstrado superioridade por mais tempo e merecido a vantagem parcial, viu o Sport reagir ofensivamente no meio da etapa, conseguindo até mesmo igualar o marcador temporariamente.

Os quinze minutos iniciais foram integralmente do Cruzmaltino, que orquestrou suas jogadas de forma eficaz pelo lado esquerdo. Piton, Coutinho e Nuno Moreira combinavam com a presença de Cauan Barros e Vegetti, além do movimento de Puma Rodríguez ou Rayan que se deslocavam do lado direito, mantendo-se abertos para receber a bola após as trocas de passes na esquerda. Foi exatamente por essa via que o Vasco construiu duas oportunidades logo de cara, culminando na abertura do placar. Nuno Moreira finalizou um cruzamento rasteiro de Puma Rodríguez , que havia recebido a escorada de Vegetti e invertido o jogo para a direita, tabelando com Rayan . O português não hesitou na área adversária, que se mostrou desprotegida.

Minutos depois, João Silva interveio para evitar a ampliação do placar por Rayan , bloqueando o arremate do jovem atacante dentro da pequena área. Mais uma jogada bem elaborada pelos cariocas, alinhada ao modelo de jogo preconizado por Diniz. Desta vez, a inversão da esquerda para a direita partiu dos pés de Coutinho, encontrando Puma Rodríguez em amplitude no setor.

A Virada Temporária e a Resposta Vascaína

Apesar da evidente dificuldade em ajustar a marcação, o Leão apostava em lançamentos longos nas costas da defesa vascaína, com Dérik Lacerda e Léo Pereira sendo os principais alvos em profundidade. Hugo Moura e Puma Rodríguez enfrentavam alguma dificuldade, mas isso resultava em posses de bola muito curtas para os anfitriões. A melhor fase rubro-negra começou quando houve maior aproximação entre os jogadores para progredir com a bola de pé em pé. Zé Lucas e Lucas Lima contaram com os movimentos de Matheusinho da direita para o meio, enquanto Matheus Alexandre se projetava mais aberto no setor. Foi assim que o Sport encontrou a combinação que gerou um pênalti controverso.

Zé Lucas recebeu de João Silva e serviu Matheus Alexandre na área, que superou Lucas Freitas e caiu após um leve toque do zagueiro. Lucas Lima converteu, restabelecendo a igualdade. Aproveitando-se de uma momentânea inconsistência defensiva do Vasco , o Sport ganhou fôlego e exerceu pressão por alguns minutos. Contudo, não conseguiu criar chances claras e viu os visitantes recuperarem o controle da partida. Jair deixou o campo lesionado, sendo substituído por Mateus Carvalho. Gradualmente, o Cruzmaltino adiantou sua marcação novamente, circulando a bola pelo lado esquerdo e reassumindo a liderança no placar com Philippe Coutinho. O meia roubou a bola do zagueiro João Silva e construiu uma bela tabela com Nuno Moreira para anotar o segundo gol do Gigante da Colina.

Segundo Tempo: Ampliação e Pressão Adversária

As equipes retornaram para o segundo tempo sem alterações. O Vasco não demorou a ampliar o marcador. Logo no primeiro minuto, Coutinho cobrou um escanteio de forma ineficaz. Lucas Freitas dominou a bola na grande área e aplicou um lençol em Aderlan, sendo agarrado em seguida, o que resultou na marcação de um pênalti. Vegetti converteu a cobrança, apesar da intervenção do goleiro Gabriel que quase conseguiu a defesa.

Na sequência, o Sport se estabeleceu no campo de ataque, mantendo posses de bola mais longas. Daniel Paulista optou por sacar Zé Lucas, um dos destaques de sua equipe na partida, para a entrada de Romarinho, recuando Lucas Lima. Barletta também substituiu Léo Pereira. O Vasco se viu acuado em sua própria defesa, uma situação claramente desconfortável para uma equipe que busca o protagonismo na maioria de seus jogos. Mesmo sem uma clareza tática para efetivamente criar, o volume ofensivo do Leão foi suficiente para diminuir a diferença. O zagueiro Ramon Menezes subiu sozinho e cabeceou com precisão o escanteio cobrado por Lucas Lima, dando ao Sport cerca de vinte minutos para buscar o empate ou a virada.

Minutos Finais: Defesa e Resiliência Cruzmaltina

Em resposta, Rodrigo Atencio e Kévyson foram acionados, substituindo Matheusinho e Aderlan. Diniz percebeu que Philippe Coutinho e Nuno Moreira estavam com funções indefinidas diante do novo panorama do jogo. David e Matheus França entraram para tentar revitalizar o ataque vascaíno. Chrystian Barletta se mostrou um bom acréscimo ao setor ofensivo rubro-negro, aumentando a mobilidade e arriscando jogadas. A torcida se inflamou e passou a acreditar em um resultado mais favorável. Barletta construiu uma grande jogada ao receber de Romarinho na área e cruzou para Matheus Alexandre cabecear, mas Lucas Freitas salvou em cima da linha.

Observando sua equipe sob intensa pressão nos minutos derradeiros, sem capacidade de retenção de bola ou de contra-ataque, Fernando Diniz retirou Cauan Barros para a entrada do zagueiro Lucas Oliveira, com Hugo Moura retornando à função de volante. Puma Rodríguez , enfim, registrou uma finalização para o Vasco após quase quarenta minutos sem ameaçar o goleiro Gabriel. Daniel Paulista, nos acréscimos, apostou tudo no ataque. Pablo foi adicionado como mais um atacante para preencher a área, com João Silva saindo e Rivera sendo recuado para a zaga. A tentativa de empate no "abafa" não surtiu efeito para os pernambucanos, que ainda viram Matheus França criar uma boa oportunidade para ampliar o placar, mas Gabriel Vasconcelos impediu.