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Vasco Sul-Americana: Análise da Campanha, Diniz, Vexame e Próximo Desafio
Por Redação FutVasco em 27/05/2025 08:12
O Club de Regatas Vasco da Gama se prepara para um confronto decisivo contra o Melgar, nesta terça-feira, pela derradeira rodada da Copa Sul-Americana. A partida assume contornos de uma última chance para a equipe amenizar a imagem de uma trajetória que, até o momento, se revelou profundamente decepcionante. Já sem qualquer possibilidade de alcançar a primeira posição do Grupo G, o Gigante da Colina vê-se na obrigação de conquistar os três pontos para não apenas manter-se vivo no torneio, mas também para superar o próprio adversário peruano e assegurar um lugar nos playoffs da competição continental.
A campanha vascaína, marcada por uma série de percalços e reviravoltas, começou sob o signo de elevadas aspirações, mas rapidamente se transformou em um enredo de frustrações, culminando em um episódio humilhante na Venezuela e a passagem de três diferentes comandantes pela área técnica. Este panorama complexo demanda uma análise aprofundada dos eventos que moldaram a participação do Vasco na Sul-Americana, antes do embate final da fase de grupos.
A Estreia de Diniz e o Cenário Final
O capítulo mais recente da saga cruzmaltina na Sul-Americana foi testemunhado sob a batuta de um terceiro treinador. Fernando Diniz, em sua primeira aparição à frente da equipe vascaína, enfrentou o Lanús na Argentina. Aquele embate representava a derradeira chance para o clube nutrir a esperança de encerrar a fase de grupos na liderança, um objetivo que se mostrava cada vez mais distante.
O desempenho inicial da equipe sob Diniz apresentou uma nuance distinta, com uma exibição promissora durante a primeira metade do confronto. Contudo, a resiliência demonstrada ruiu na etapa complementar, após o gol de Cabrera, aos oito minutos. A fragilidade defensiva voltou a se manifestar em um equívoco coletivo, evidenciado por uma falha de comunicação entre Luiz Gustavo e Lucas Piton na execução da linha de impedimento. Tal desatenção permitiu que o atacante adversário se lançasse livre em um contra-ataque letal, selando o destino da partida.
Com o desfecho desfavorável em solo argentino, o Vasco adentra a rodada final contra o Melgar carregando o amargo sabor de uma campanha verdadeiramente frustrante na Sul-Americana. A equipe, agora sob a orientação de Fernando Diniz, vê-se na imperiosa necessidade de uma vitória para não apenas perpetuar sua existência no torneio, mas também para assegurar a segunda colocação no grupo e, por conseguinte, uma vaga nos aguardados playoffs da competição. O palco para este confronto decisivo será São Januário, com a bola rolando às 19h, horário de Brasília.

O Revés Humilhante na Venezuela
Um dos pontos mais baixos dessa jornada foi o confronto de volta contra o Puerto Cabello, na Venezuela. Sob a direção interina de Felipe Loureiro, o Vasco protagonizou um dos episódios mais constrangedores de sua história recente, entregando a que, possivelmente, foi sua pior atuação em 2024. A equipe foi subjugada de maneira incontestável pelo adversário venezuelano, retornando para casa com o peso de uma goleada de 4 a 1, um placar que ficará marcado pela infâmia.
Mesmo com a presença de todo o elenco considerado titular, o Gigante da Colina exibiu uma sucessão de falhas, tanto individuais quanto coletivas. A retaguarda vascaína foi vazada por três vezes em um intervalo de apenas vinte minutos na etapa complementar, evidenciando uma desorganização tática alarmante. Este resultado vergonhoso serviu como catalisador para a intensificação das negociações que culminaram na contratação de Fernando Diniz, cuja chegada foi selada antes do embate contra o Vitória pelo Campeonato Brasileiro, embora sua estreia oficial tenha ocorrido somente na partida contra o Lanús.
Uma Sequência de Resultados Desapontadores
Antes mesmo do desastre na Venezuela, a campanha do Vasco já dava sinais de instabilidade. O primeiro indício de frustração surgiu logo na partida de estreia, um embate contra o Melgar em solo peruano. O time vascaíno, que vencia por 3 a 1 até os instantes derradeiros, permitiu o empate, expondo fragilidades notórias em seu sistema defensivo, particularmente na marcação de jogadas aéreas. Este revés precoce contribuiu significativamente para o crescente descontentamento da diretoria com a gestão de Fábio Carille.
Posteriormente, a equipe conseguiu uma vitória apertada de 1 a 0 sobre o Puerto Cabello em São Januário. Contudo, mesmo diante do adversário teoricamente mais frágil do grupo, o desempenho não foi convincente, deixando uma sensação de que a margem para erros era mínima e o futebol apresentado estava aquém do esperado para um clube de sua estatura.
O último compromisso da primeira metade da fase de grupos, um confronto direto contra o Lanús em casa, prometia ser um divisor de águas. Uma vitória em São Januário, com o apoio fervoroso da torcida, seria crucial para assumir a liderança da chave e injetar novo ânimo na disputa pelo primeiro lugar, além de aliviar a pressão sobre o então técnico Fábio Carille. Apesar de ter sido a atuação mais consistente da equipe naquela sequência de jogos, o placar final de 0 a 0 adicionou mais uma camada de frustração à já conturbada trajetória.
Estratégia e Desgaste do Elenco Principal
A priorização da Copa Sul-Americana por parte do Vasco ficou evidente desde o primeiro compromisso, contra o Melgar, no Peru. Fábio Carille, à época no comando técnico, optou por escalar a força máxima no Estádio Monumental de UNSA, resultando em um empate por 3 a 3. Apenas três dias após este confronto, o treinador tomou a decisão de poupar oito dos onze jogadores considerados titulares para o embate contra o Corinthians, válido pelo Campeonato Brasileiro. A consequência foi uma severa derrota por 3 a 0 na Neo Química Arena.
Em coletiva de imprensa posterior ao revés em São Paulo, Carille defendeu sua escolha, declarando que "em algum momento teria que poupar". A sequência de jogos manteve a tônica: na semana seguinte, o Vasco novamente utilizou sua formação principal na Sul-Americana, desta vez contra o Puerto Cabello em São Januário, onde obteve sua única vitória até o momento na competição, um placar de 1 a 0, em 8 de abril.
Ao longo dos cinco jogos disputados até aqui no torneio continental, a comissão técnica optou por não poupar os atletas mais importantes. A estratégia delineada visava preservar os principais nomes da equipe nos duelos do Campeonato Brasileiro, competição onde o Vasco ocupa atualmente a 15ª posição, com dez pontos conquistados. Tal decisão, porém, não impediu que a equipe acumulasse uma série de resultados insatisfatórios em ambas as frentes.
As Elevadas Expectativas Iniciais
A jornada do Vasco na Copa Sul-Americana teve início sob um manto de otimismo e grandes projeções. Ainda sob a liderança de Fábio Carille, o clube encarava o torneio continental como uma prioridade inquestionável para a temporada. A composição do Grupo G, com Lanús, Melgar e Puerto Cabello, era percebida como favorável, com adversários teoricamente inferiores ao potencial técnico do elenco vascaíno. A expectativa mais realista apontava para uma disputa mais acirrada pela liderança com o Lanús, equipe argentina que, de fato, viria a conquistar a primeira colocação da chave.
A magnitude das esperanças depositadas em uma campanha vitoriosa era tão palpável que se refletia até mesmo nas discussões internas do clube. Em meio às negociações para a renovação contratual de Payet no início do ano, por exemplo, o Vasco apresentava um "projeto Sul-Americana" como um dos pilares para persuadir o talentoso meio-campista a estender seu vínculo. A diretoria e os departamentos internos vislumbravam a competição como a mais acessível para um sucesso internacional, e havia um consenso sobre a importância estratégica de contar com jogadores como Coutinho e Payet até o término do ano. Contudo, as tratativas subsequentes entre as partes não prosperaram, e as conversas esfriaram, deixando para trás parte daquele ambicioso planejamento.
A síntese dessa participação vascaína na Sul-Americana é a de uma oportunidade que se esvaiu, de um potencial não realizado. A complexidade do futebol, com suas nuances táticas, falhas individuais e coletivas, e a pressão inerente a competições de alto nível, transformaram o que parecia um caminho promissor em um labirinto de desafios. Agora, resta ao Vasco a tarefa de honrar sua história no último embate, buscando não apenas uma vaga nos playoffs, mas também a chance de reescrever, ainda que em parte, a narrativa de uma campanha que, até aqui, foi marcada por um sabor amargo de frustração.
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