Vasco: O Drama Defensivo e a Goleada que Escancara a Vulnerabilidade

O torcedor vascaíno testemunhou um dos mais evidentes entraves da temporada ser exposto de forma brutal na recente derrota por goleada para o Independiente del Valle. A fragilidade defensiva do Cruzmaltino não apenas resultou em quatro gols para o adversário, como também impactou severamente as estatísticas, posicionando o Vasco como o elenco da Série A com o maior número de gols sofridos em 2025: um total preocupante de 44 bolas na rede.

Além dos quatro tentos concedidos em Quito, o sistema defensivo demonstrou, mais uma vez, uma excessiva exposição e acumulou uma série de equívocos, tanto coletivos quanto individuais. Essas falhas, que praticamente aniquilaram as chances de avançar às oitavas de final da Copa Sul-Americana antes mesmo do confronto de volta, são um sintoma de problemas mais profundos que a equipe enfrenta.

A Goleada que Revelou a Profundidade do Problema

A partida no Equador foi um espelho da vulnerabilidade vascaína. O Independiente del Valle contabilizou impressionantes 31 finalizações, um número impulsionado, em parte, pela expulsão precoce de Lucas Piton, ocorrida aos 11 minutos da etapa inicial. Apesar da avassaladora quantidade de gols sofridos, o goleiro Léo Jardim ainda foi acionado para realizar seis defesas cruciais, incluindo a contenção de uma cobrança de pênalti, evitando um placar ainda mais elástico. A performance da equipe foi tão aquém que, em uma análise pós-jogo, um podcast especializado criticou a atuação do Vasco , afirmando que "Poderia ter sido 8 a 0".

A imagem do Vasco sendo dominado em campo reforça a urgência de uma reavaliação tática e de posicionamento. A falta de solidez na retaguarda tem sido um ponto de preocupação constante ao longo da temporada, e a partida contra o Del Valle apenas ressaltou a gravidade da situação.

A Fragilidade Aérea: Um Ponto Cego Recorrente

O confronto no Estádio Olímpico Atahualpa também trouxe à tona um problema crônico do sistema defensivo vascaíno: a ineficácia em jogadas aéreas durante o ano de 2025. Três dos quatro gols dos equatorianos tiveram origem em bolas levantadas na área, evidenciando uma deficiência que acompanha a defesa do Vasco ao longo de toda a temporada. Mais da metade dos gols adversários, especificamente 23 dos 44, surgiram a partir de jogadas pelo alto. Nesse quesito, o Vasco figura como a segunda defesa mais vazada entre os 20 clubes da Série A, superado apenas pelo Corinthians, que registrou 26 gols sofridos pelo alto, conforme dados do Gato Mestre.

A seguir, uma tabela detalhada dos gols sofridos em jogadas aéreas pelos clubes citados:

Nomes como Carabajal, Mercado e Spinelli balançaram as redes para o Del Valle após cruzamentos que a defesa vascaína não conseguiu afastar. Além dos gols, o time equatoriano superou os defensores do Vasco pelo alto em diversas ocasiões, finalizando cinco vezes de cabeça em direção ao gol de Léo Jardim . Chama a atenção o fato de Claudio Spinelli, com 1,80m de altura, ter vencido disputas de cabeça contra João Victor (1,87m) e Lucas Freitas (1,84m) em três oportunidades com finalização, sendo um arremate na trave e outras duas cabeçadas para fora.

O Desempenho dos Zagueiros: Lemos e o Futuro de Luiz Gustavo

Após o intervalo da partida contra o Del Valle, com o placar ainda em 1 a 0, Fernando Diniz optou pela entrada de Mauricio Lemos no lugar de Nuno Moreira, alterando a formação para atuar com três zagueiros. Contudo, o desempenho do uruguaio se mostrou ainda mais comprometedor em relação aos seus companheiros de setor. Logo em sua primeira intervenção, Lemos permitiu que Guagua recebesse uma tabela às suas costas, invadindo a área cara a cara com Léo Jardim , que realizou uma defesa providencial. Poucos minutos depois, uma falha de posicionamento impediu o corte de um passe crucial para Spinelli, que recebeu na pequena área e converteu mais um gol. Para agravar a situação, o zagueiro ainda cometeria um pênalti nos minutos finais, felizmente defendido por Jardim, evitando o que seria o quinto gol equatoriano.

Contratado com a expectativa de ser uma das principais referências defensivas, Lemos ainda não conseguiu se firmar no Vasco , participando de apenas seis das 44 partidas da equipe em 2025. Sua pré-temporada foi estendida devido ao baixo número de jogos no ano anterior, e uma fratura na costela o afastou por dez partidas. Mesmo após sua recuperação, o zagueiro não reassumiu o posto de titular na zaga, que tem sido ocupado por João Victor e Lucas Freitas nos últimos jogos.

Outro defensor que gerou expectativas foi Luiz Gustavo. O jovem iniciou a gestão de Fernando Diniz como titular e chegou a se destacar, mas perdeu espaço nas últimas partidas, retornando inclusive ao time sub-20 para reforçar a equipe. Sua última atuação no elenco profissional foi em 24 de maio, contra o Fluminense. Diante do Del Valle, permaneceu no banco de reservas. Luiz Gustavo tem atraído o interesse de clubes europeus e asiáticos. No início do mês, a diretoria do Vasco recebeu uma proposta do Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, mas considerou o valor aquém do ideal. Embora os valores não tenham sido divulgados, apurou-se que o Vasco sequer cogitou a possibilidade de negociar o jogador pela oferta apresentada.

O Desafio Histórico e o Próximo Confronto

Diante do cenário atual, o Vasco terá que concretizar um feito inédito para manter suas esperanças na competição. Historicamente, nenhum time na Copa Sul-Americana conseguiu reverter uma desvantagem de quatro gols ou mais sofrida no jogo de ida para se classificar na partida de volta de um mata-mata. A prioridade dada à Sul-Americana, inclusive, foi objeto de debate, com a crítica de que seria um "Erro achar que tinha condição de ser campeão".

O confronto decisivo entre Vasco e Independiente del Valle está agendado para a próxima terça-feira, em São Januário, com a bola rolando às 21h30 (horário de Brasília). A equipe precisa de uma performance impecável e de uma solidez defensiva que não foi vista até então para reverter o placar adverso e sonhar com a classificação.