Vasco no Brasileirão: A Desolação Numérica de Uma Década | Análise Crítica

A mais recente edição do Campeonato Brasileiro viu o Club de Regatas Vasco da Gama novamente performar abaixo das expectativas de sua massiva torcida. Encerrando sua décima quinta participação no formato atual de pontos corridos com 20 equipes, o Gigante da Colina finalizou a competição na 14ª colocação, acumulando apenas 45 pontos, uma margem perigosamente estreita de dois pontos acima da zona de descenso. Este resultado apenas reforça um padrão que se tornou, lamentavelmente, uma constante para o tetracampeão brasileiro.

Desde a implementação do modelo com vinte clubes em 2006, as campanhas do Vasco na elite do futebol nacional têm sido marcadas por uma notável inconsistência. Em um período de quase duas décadas, a equipe conseguiu figurar na metade superior da tabela ? ou seja, entre os dez primeiros ? em meras seis ocasiões. Uma análise aprofundada dos números revela a dimensão desse declínio, evidenciando um afastamento progressivo das posições de destaque.

Ainda que o histórico recente seja desanimador, houve um momento de brilho que serve como um ponto fora da curva: a temporada de 2011. Naquele ano, o Vasco conquistou o vice-campeonato, sua melhor performance no Brasileirão de pontos corridos, culminando com 69 pontos e ficando a apenas dois do campeão Corinthians. Aquela foi a única vez em que o clube de São Januário encerrou o torneio entre os quatro primeiros, impulsionado por nomes como Diego Souza, Juninho Pernambucano e Dedé. As demais cinco aparições no top-10 ocorreram em 2006, 2007, 2012, 2017 e 2024, mas sem o mesmo impacto.

O Retrato Numérico de um Gigante em Declínio

A média de desempenho do Vasco ao longo das quinze temporadas na Série A é um indicador claro da sua trajetória. Com uma posição média de 12º lugar e uma soma de 49,5 pontos por edição, o clube se posiciona de forma preocupante no cenário nacional. Comparando-o com os dezoito clubes que possuem ao menos dez participações no atual formato do Brasileirão, o Vasco ocupa apenas a 13ª posição na média de colocação final, ficando atrás de todos os integrantes do G-12 tradicional, além do Athletico-PR.

A seguir, um panorama detalhado das campanhas do Vasco na Série A desde 2006:

A escassez de vagas para a Copa Libertadores é outro sintoma dessa performance aquém do esperado. Em todo o período analisado, o Vasco garantiu sua presença na principal competição continental em apenas duas ocasiões: em 2011, ano em que já havia conquistado a Copa do Brasil, mas também assegurou a vaga pela posição no Brasileirão; e em 2017, quando, beneficiado pela ampliação do número de vagas destinadas aos clubes brasileiros, classificou-se para a Pré-Libertadores e, posteriormente, alcançou a fase de grupos.

A Posição Média e a Acumulação de Pontos: Um Alerta

O fato de o Vasco ter terminado nove de suas participações na Série A na segunda metade da tabela de classificação é um dado que merece profunda reflexão. A campanha de 2025 é um exemplo recente e doloroso, onde a equipe, após ensaiar uma briga por uma vaga na Pré-Libertadores, sofreu uma derrocada impressionante na reta final, com sete derrotas em seus últimos oito confrontos. Esse desempenho medíocre se reflete de forma incontestável no ranking de posição média:

Quando se analisa a soma total de pontos acumulados desde 2006, o Vasco também figura na 13ª posição entre os clubes com pelo menos dez participações. A diferença para o líder Flamengo é abissal, superando os 300 pontos, um fosso que ilustra a dificuldade do clube em se manter competitivo e consistente ao longo das temporadas.

O Futuro Imediato: Copa do Brasil como Última Esperança

Apesar da humilhante goleada de 5 a 0 sofrida para o Atlético-MG, o Vasco , de alguma forma, garantiu sua classificação para uma competição internacional em 2026. A 14ª posição no Campeonato Brasileiro de 2025, embora modesta, abriu essa possibilidade, e agora a equipe aguarda o desfecho da Copa do Brasil para determinar se disputará a Copa Libertadores ou a Copa Sul-Americana.

O caminho para a Libertadores passa pela conquista do torneio eliminatório. Caso o clube seja eliminado nas semifinais ou perca a grande final, a vaga será na Copa Sul-Americana. Este cenário se justifica pela presença de outros grandes clubes ? Corinthians, Cruzeiro ou Fluminense ? na disputa, que, ao vencerem a Copa do Brasil, abririam uma vaga adicional na Sul-Americana via Campeonato Brasileiro.

Após a decisão de poupar todos os titulares na derrota em Belo Horizonte, o Vasco deposita suas últimas esperanças na Copa do Brasil para redimir uma temporada que, até então, tem sido marcada por frustrações. O primeiro confronto da semifinal, contra o Fluminense, está agendado para esta quinta-feira, às 20h (horário de Brasília), no Maracanã, em um jogo que pode definir o rumo do ano cruzmaltino e, quem sabe, restaurar parte da honra que os números do Brasileirão insistem em questionar.