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Vasco e Flamengo Juntos: A Fascinante História da União de 1955

Por Redação FutVasco em 21/09/2025 04:10

No cenário atual do futebol carioca, a mera sugestão de um time combinado entre Vasco e Flamengo soa como uma quimera, um delírio. A imagem de atletas como Philippe Coutinho e Vegetti, talvez ao lado de Samuel Lino e Jorginho, vestindo o mesmo uniforme e celebrando um gol no Maracanã pela "equipe Vasco -Flamengo", é, para muitos, completamente irreal. Contudo, essa fantasia, tão distante da rivalidade que se manifesta intensamente no Clássico dos Milhões, como o que se aproxima neste domingo, às 17h30, pelo Brasileirão, já foi uma realidade notável, há exatas sete décadas.

Em dezembro de 1955, o Rio de Janeiro foi palco de um Torneio Quadrangular Internacional, que reuniu, além dos gigantes cariocas Vasco e Flamengo, as potências argentinas Independiente e Racing. Para inaugurar a competição de forma grandiosa, as entidades organizadoras conceberam um confronto sem precedentes: um combinado de jogadores brasileiros do Rio de Janeiro enfrentaria uma seleção de atletas dos clubes de Avellaneda. Era um momento de união improvável, mas que marcou profundamente a memória esportiva da época.

A iniciativa capturou a atenção do futebol carioca e da imprensa local. O jornal "O Globo", por exemplo, dedicou uma cobertura minuciosa ao evento, acompanhando cada detalhe, desde a chegada das delegações argentinas ao Aeroporto Santos Dumont até a efervescência que precedeu e envolveu a competição. A expectativa era palpable, e a curiosidade sobre como essa inédita formação se comportaria em campo era imensa.

A Inesperada União Carioca de 1955

A composição do combinado argentino revelou uma abordagem pragmática por parte dos técnicos do Racing e do Independiente. Decidiu-se por uma rotação estratégica: no primeiro tempo, a defesa seria composta por jogadores do Racing, enquanto o ataque seria do Independiente. Na etapa final, a inversão dos setores garantiria a participação equitativa. A escolha dos uniformes seguiu a mesma lógica simplificada: o vermelho do Independiente dominaria o primeiro tempo, cedendo lugar ao azul e branco do Racing no segundo.

No entanto, a formação do lado carioca revelou-se um processo bem mais complexo, especialmente no que tange à questão do uniforme. A discussão entre os diretores do Flamengo foi acalorada. Um mês antes, o presidente rubro-negro, Gilberto Cardoso, falecera de infarto durante uma emocionante partida de basquete, na qual o Flamengo conquistou a vitória nos últimos segundos. Ele era amplamente reconhecido como o grande idealizador do combinado, e sua ausência tornava as decisões ainda mais delicadas.

A controvérsia atingiu seu ápice com as declarações de Ari Barroso, que se posicionou veementemente contra a ideia de jogadores do Flamengo vestirem a camisa do Vasco . Em contrapartida, o vice-presidente Fadel Fadel adotou uma postura firme, defendendo a tradição e a honra de tal união, afirmando categoricamente que os atletas rubro-negros poderiam, e deveriam, vestir o manto vascaíno.

O Debate dos Mantos: Tradição Versus Identidade

Fadel Fadel, em entrevista ao jornal "O Globo", expressou seu ponto de vista com clareza e autoridade, confrontando a posição de Ari Barroso e evocando o histórico de colaboração entre os rivais:

? Ninguém admira mais o Ari do que eu. Acostumei-me a apreciar as suas grandes qualidades de desportista e intransigente defensor das nossas cores. Por isso mesmo, sinto-me perfeitamente à vontade para dele discordar. A formação de combinado Vasco-Flamengo já é uma tradição. Em 1939, juntos estivemos em Buenos Aires, jogando contra o Independiente e River. Mais tarde, em 1952, participamos de encontros com o Boca e o Racing. Enfim, a união dos dois grandes clubes através dós tempos desafia contestação ? declarou o então vice-presidente do Flamengo.

Na mesma ocasião, Fadel Fadel complementou sua argumentação, reforçando a visão do falecido presidente Gilberto Cardoso e a dignidade intrínseca à união dos clubes:

? O Ari não é mais Flamengo do que nenhum de nós. A ideia do torneio e da formação do combinado partiu do nosso saudoso presidente Gilberto Cardoso, reconhecido por todos como padrão de amor e dedicação ao nosso clube. Jamais passou pelo pensamento do Gilberto fazer qualquer restrição ao uso, pelos nossos profissionais, da gloriosa camisa vascaína. É uma grande honra para os jogadores do Flamengo vestir a camisa do Vasco da Gama. Acredito que igual honraria sentirão, por certo, os vascaínos quando tiverem de se apresentar com as nossas cores.

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Eduardo

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Comentado em 21/09/2025 08:30 Tamo junto sempre, final de semana promete muito!
Vinícius

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Comentado em 21/09/2025 06:20 Vasco e Flamengo juntos? Que vibe, só clássico top!
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