Vasco e 777 Partners: Entenda a Impugnação de Árbitros na Luta pelo Controle da SAF e o Futuro do Clube

A intrincada disputa pelo controle da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Vasco da Gama, que opõe o clube associativo à 777 Partners, continua a se desenrolar com novos e significativos obstáculos. O embate, que tem mantido a atenção do cenário esportivo e jurídico, revela a complexidade das relações contratuais e a intensidade da batalha pelo poder na gestão do futebol brasileiro.

Recentemente, o Vasco da Gama conquistou um importante avanço no âmbito judicial. No final do mês de maio, a 20ª Câmara de Direito Privado proferiu uma decisão que ratificou a liminar anteriormente concedida. Tal medida mantém suspensos os poderes societários da 777 Partners, garantindo que o controle da SAF permaneça sob a administração do clube associativo. Por sua natureza provisória, essa decisão liminar não está sujeita a recurso imediato, o que representa uma estabilidade temporária para a atual gestão.

Contudo, a resolução definitiva dessa controvérsia ainda está pendente. A questão de fundo, ou seja, o mérito do processo entre as partes, será apreciada pela Câmara de Arbitragem, um órgão vinculado à renomada Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este caminho foi previamente estabelecido no contrato original que selou a parceria, prevendo a arbitragem como o foro adequado para dirimir eventuais litígios societários entre o Vasco e a 777 Partners.

Desafios Recorrentes na Escolha de Árbitros

O processo arbitral, no entanto, tem sido marcado por sucessivos impasses na escolha dos mediadores. Pela terceira vez consecutiva, o profissional indicado pelo Vasco para atuar como árbitro no delicado litígio com a 777 Partners foi desqualificado. O mais recente episódio envolveu Luciano Bandeira, ex-presidente da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), cuja indicação foi contestada e, posteriormente, acatada pela Câmara da FGV.

A impugnação de Luciano Bandeira baseou-se na existência de um evidente conflito de interesses. Foi constatado que o advogado mantém atividades profissionais em outras causas que envolvem representantes do próprio clube associativo, o que comprometeria a imparcialidade essencial para o exercício da função arbitral. A informação, inicialmente veiculada pelo jornal O Globo, foi subsequentemente confirmada por outras fontes de imprensa, como o ge.

Este não é um incidente isolado. Em janeiro, a advogada Ana Tereza Basílio já havia se afastado do caso após também ser impugnada. Sua desqualificação decorreu de ligações profissionais com Paulo César Salomão Filho, atualmente vice-presidente do Vasco e uma figura central nas estratégias jurídicas que resultaram no afastamento da empresa americana do comando da SAF. Posteriormente, o advogado Caio Rocha igualmente abdicou de sua posição, alegando razões de foro íntimo.

O Papel da 777 Partners e o Futuro Incerto

A decisão de afastar Luciano Bandeira atendeu a uma solicitação expressa da 777 Partners. A empresa argumentou veementemente que o advogado não possuía a neutralidade indispensável para desempenhar o papel de árbitro no processo, um pilar fundamental da justiça arbitral. A insistência da 777 em garantir a imparcialidade dos mediadores sublinha a seriedade com que a companhia estrangeira encara a disputa.

Apesar da vitória liminar do Vasco , a fase mais crítica do processo ainda está por vir: o julgamento do mérito em primeira instância na Câmara de Arbitragem. Neste estágio, a Justiça poderá tanto ratificar a posição do Vasco , mantendo a gestão de Pedrinho à frente da SAF, quanto determinar que o controle da sociedade anônima seja restabelecido à 777 Partners. A imprevisibilidade do desfecho e a ausência de uma data definida para essa etapa crucial adicionam uma camada de incerteza ao futuro do Vasco da Gama, mantendo todos os envolvidos em um estado de expectativa e cautela.