Vasco: Diniz enfrenta crise após derrota e rebaixamento

Diniz assume Vasco em meio a turbulência

A recente e breve passagem de Felipe Maestro como técnico interino do Vasco da Gama chegou ao fim em Salvador, marcada por mais um episódio de decepção para a torcida. A derrota de virada por 2 a 1 para o Vitória, mesmo com a vantagem de ter um jogador a mais, selou o fim de sua atuação à beira do campo. Agora, Fernando Diniz assume o comando neste domingo, com a árdua missão de reestruturar a equipe nos aspectos técnico, físico e, crucialmente, no moral.

O Vasco enfrenta uma sequência de oito jogos sem vitórias, um período conturbado que culminou com a demissão de Fábio Carille, derrotas consecutivas e a temida aproximação da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A derrota deste sábado empurrou o time para a 17ª posição na tabela, com apenas sete pontos conquistados em oito jogos. A situação pode se agravar ainda mais nesta segunda-feira, caso o Santos vença o Ceará na Vila Belmiro.

A chegada de Fernando Diniz representa uma esperança para o Vasco , que busca uma reviravolta em seu desempenho. O novo treinador terá a missão de motivar os jogadores e extrair o máximo de seu potencial, algo que Felipe Maestro não conseguiu alcançar durante seu período interino.

Foto: (Rafael Ribeiro/Vasco)

Abalos Mentais e Involução em Campo

Além dos resultados desfavoráveis, o Vasco tem demonstrado uma regressão notável em seu desempenho em campo, um declínio na condição física dos jogadores e, principalmente, um abalo mental. Este último aspecto foi inclusive mencionado por Felipe Maestro em sua entrevista coletiva após a partida. A expectativa é que Fernando Diniz consiga motivar os jogadores e obter uma resposta positiva dentro de campo, algo que seu antecessor não conseguiu.

A equipe chegou ao confronto no Barradão após um dos momentos mais vergonhosos de sua história recente: a goleada sofrida por 4 a 1 contra o modesto Puerto Cabello, na Venezuela, pela Copa Sul-Americana. Havia uma grande expectativa sobre a postura do Vasco , tão criticada pelo treinador interino, que havia atribuído a responsabilidade pela derrota na Venezuela exclusivamente aos jogadores. No entanto, o resultado final foi mais um vexame a ser somado à coleção da equipe e da diretoria.

O Vasco até iniciou a partida em vantagem, com um gol de cabeça de Vegetti. Contudo, Felipe Maestro viu seu time ser dominado pelo Vitória no segundo tempo, desmoronar mentalmente e sofrer a virada, mesmo jogando com um homem a mais desde os 32 minutos da primeira etapa.

Estratégias Táticas e Desempenho Individual

Após modificar o esquema tático da equipe titular na derrota para o Puerto Cabello, Felipe Maestro optou por retornar ao esquema com dois volantes, deixando Hugo Moura e Tchê Tchê no banco de reservas. O treinador interino escalou Paulinho e Sforza, que voltou a atuar após mais de dois meses e iniciou uma partida pela primeira vez em 2025. O objetivo da mudança era aprimorar a saída de bola, uma das principais deficiências do time nos últimos jogos e causa de falhas em alguns gols sofridos.

Apesar da alteração, o Vitória demonstrou mais soluções e se impôs como mandante nos primeiros minutos, embora sem criar ameaças significativas ao gol de Léo Jardim. A partida carecia de grandes emoções e oportunidades claras até que Matheuzinho acertou uma cotovelada no rosto de Paulinho e foi expulso, após revisão do VAR.

Com a vantagem numérica, o Vasco começou a ocupar o campo de ataque com mais eficiência, gerando esperanças de que a sequência de sete jogos sem vencer pudesse finalmente ser interrompida em Salvador. Aos 41 minutos, em sua jogada característica desde 2023, Lucas Piton cruzou e Vegetti cabeceou para marcar, colocando o Vasco em vantagem antes do intervalo.

Colapso Mental e Físico no Segundo Tempo

No entanto, na segunda etapa, a equipe expôs dois problemas evidentes da temporada: a fragilidade mental e o baixo rendimento físico. O Vitória se mostrou superior, mesmo com um jogador a menos.

No retorno do intervalo, Felipe Maestro substituiu Paulinho , que já havia recebido um cartão amarelo, por Hugo Moura , que teve mais uma atuação abaixo do esperado. A mudança, em particular, também atraiu o Vitória para o campo de ataque e gerou algumas indefinições na cobertura da defesa com Sforza , que anteriormente desempenhava o papel de primeiro volante e havia tido um bom primeiro tempo.

Posteriormente, aos 20 minutos, Loide, Tchê Tchê e Adson também entraram em campo, diminuindo o ritmo do Vasco , que perdeu qualquer resquício de criatividade com a saída de Coutinho e se tornou praticamente inofensivo.

O angolano Loide, em particular, merece destaque negativo. Desconectado do jogo, o atacante demonstrou mais uma vez falta de compromisso com a seriedade da partida, protagonizando tentativas descabidas de passes de costas ou de letra, mesmo após o Vasco ter sofrido o gol de empate. Vale lembrar que o time jogava com um homem a mais.

Loide, inclusive, recebeu uma forte bronca do capitão Vegetti após perder a posse de bola em uma tentativa de toque de letra, e foi descrito como um atleta "às vezes displicente" por Felipe Maestro em sua entrevista coletiva.

Derrota Consumada e Desafios para Diniz

O Vitória continuou a ameaçar e, em muitos momentos, parecia ser a equipe com um jogador a mais. Aos 41 minutos, Hugo Moura ainda teve a chance de colocar o Vasco em vantagem novamente em uma cabeçada livre na área, mas a bola parou nas mãos de Lucas Arcanjo.

No minuto seguinte, o Leão respondeu com uma finalização na trave, após uma falha de Léo Jardim . Logo em seguida, mais um erro defensivo, desta vez de Puma Rodríguez, que deixou Gustavo Mosquito livre para cruzar para Kayzer. O centroavante, cria das categorias de base do Vasco , finalizou sozinho para marcar seu segundo gol na partida e colocar os donos da casa à frente do placar, selando a virada.

Fernando Diniz assume o Vasco em um cenário de crise agravado pela sequência de resultados negativos e pela falta de capacidade de reação dos atletas diante das adversidades durante as partidas. O novo treinador terá um trabalho árduo para reverter a situação, que já acendeu todos os sinais de alerta para o futuro da temporada. Este pode ser um dos desafios mais complexos da carreira do comandante, conhecido por sua capacidade de motivar e recuperar jogadores desacreditados, além de suas estratégias táticas.

O primeiro compromisso dessa jornada já está marcado: um jogo decisivo contra o Lanús, na Argentina, nesta terça-feira, às 21h30 (horário de Brasília), pela quinta rodada da Copa Sul-Americana. O confronto é direto para o Vasco , que precisa vencer para manter as esperanças de classificação em primeiro lugar no Grupo G.