Vasco da Gama: Desafios da Gestão Pedrinho e a Análise Crítica de Géder

O cenário atual do Vasco da Gama continua a ser motivo de profunda preocupação para seus torcedores e ex-atletas, mesmo com a presença de Pedrinho no comando, em uma tentativa de sanar os inúmeros percalços que afligem o clube. Essa complexa situação foi tema de uma entrevista exclusiva concedida por Géder, ex-zagueiro e cria da base cruzmaltina, ao ESPN.com.br, onde ele expressou sua total consternação com o rumo que o Gigante da Colina tem tomado.

O Peso da Expectativa sobre Pedrinho

A chegada de Pedrinho à liderança do Vasco da Gama foi recebida com esperança por grande parte da torcida, que via nele um símbolo de identificação e um potencial catalisador para a reversão do quadro. Entretanto, a magnitude dos problemas parece superar as expectativas iniciais, mesmo para alguém tão engajado e com o histórico de Pedrinho.

Géder, com a sinceridade de quem viveu o clube em seus tempos de glória, manifesta a dificuldade em compreender a persistência dos obstáculos. ?Acho que eles (Pedrinho e Felipe, diretor técnico) não imaginavam o tamanho do problema, entraram tentando ajudar e não conseguem. A gente queria entender também onde está e de que forma consegue resolver porque ninguém aguenta mais. Eles também não estão conseguindo, o Pedrinho, com o networking que tem hoje em dia, entrou para ajudar, a gente sabe do caráter e índole dele, e não consegue. Toda hora é uma situação, um problema diferente, mas não consegue. O tempo está passando, olha há quanto tempo o Vasco vai nessa situação?, reflete o ex-jogador, sublinhando a percepção de um desafio que parece ir além do que o planejamento inicial poderia prever.

A Angústia de um Ex-Atleta

A visão de Géder é a de um vascaíno de berço, que viu o clube em diferentes fases e agora se depara com uma realidade desoladora. Sua voz ecoa o sentimento de muitos que acompanham o dia a dia do time. ?A gente fica muito triste (com o momento do clube). Eu sou vascaíno, cria da base, ninguém imaginava (que chegaria a esse ponto). A gente torce para que o Pedrinho consiga reverter o quadro, mas a gente vê essa dificuldade, mas não tem como não ficar triste. Ainda mais a gente que iniciou tudo e mais um pouquinho, a gente torce para que o Vasco volte para o seu lugar o quanto antes. É difícil, é triste, mas é uma realidade?, desabafa, evidenciando a dor de ver a instituição em um estado tão vulnerável.

Para o ex-zagueiro, a situação é ainda mais frustrante por parecer um ciclo vicioso de equívocos. ?Quando a gente se encontra com os amigos das antigas, nós comentamos, tudo de errado só vem acontecendo com o Vasco . Têm outros clubes em que as SAF?s entraram, tiveram certa dificuldade, mas com o passar do tempo ajeitaram, tudo normal, estão indo bem. E com o Vasco ainda não conseguiram direcionar para o lado positivo, infelizmente?, pontua Géder, traçando um paralelo desfavorável com outras Sociedades Anônimas do Futebol que, após um período de adaptação, encontraram um caminho de estabilidade e sucesso.

O Dilema das Contratações e o Desempenho do Elenco

Um dos pontos mais críticos levantados por Géder diz respeito à política de contratações e ao desempenho dos atletas em campo. A perplexidade é evidente ao analisar a performance de jogadores de alto investimento, que não têm correspondido às expectativas.

A questão da gestão do elenco se torna ainda mais complexa diante da realidade financeira do clube. ?Na época do Eurico perder em casa, esquece, era um negócio bem complicado. Por mais que hoje tenha Coutinho e os demais, não está jogando bem, tem que tirar. Mas como é que muda, como é que contrata da forma que o Vasco está hoje em dia? Contratou um cara igual o Coutinho, que é um dos maiores salários, contratou o Payet, não deu certo, não está performando, como é que faz para mandar embora e contratar outro no lugar? É muito difícil?, questiona o ex-atleta, ressaltando o nó que se forma entre a necessidade de renovação e a dificuldade de movimentar o mercado com os recursos e o cenário atual do Vasco .

A Distância para os Rivais e a Busca por Soluções

A disparidade em relação aos principais concorrentes é outro aspecto que Géder não hesita em abordar, utilizando o Flamengo como um exemplo contundente da capacidade de investimento e planejamento que falta ao Vasco .

?Você vê o Flamengo, com o time que está ainda continua contratando jogador de nível, que está na Europa. Só tende a melhorar diante ao que eles vêm contratando. Infelizmente, o Vasco não está nesse patamar de estar contratando, independentemente do valor que o jogador venha a ganhar, estar colocando em outro lugar, trazendo um substituto à altura. Difícil, o momento não ajuda?, complementa Géder, enfatizando a lacuna crescente entre o Vasco e seus adversários, que seguem fortalecendo seus elencos enquanto o clube de São Januário luta para encontrar um norte. A percepção geral é de um time que ?não consegue se achar?, uma situação que tem levado a um prolongado período de frustração para todos os envolvidos. ?É muito tempo passando vergonha, um time que não consegue se achar. Vamos rezar, é difícil porque a gente não consegue ajudar?, conclui o ex-zagueiro, com um tom de resignação e anseio por uma solução definitiva.