Vasco: Admar Lopes revoluciona mercado com reforços estratégicos e baixo custo

A chegada de Admar Lopes ao departamento de futebol do Vasco, há pouco mais de sessenta dias, marcou uma inflexão notável na política de contratações do clube. O executivo português implementou um discurso de rigor financeiro e, na prática, tem priorizado negociações que minimizem o desembolso imediato, focando em reforços provenientes majoritariamente do cenário europeu.

Nesta janela de transferências, o Gigante da Colina concretizou a chegada de cinco novos nomes sob a supervisão do dirigente: Thiago Mendes, Andrés Gómez, Robert Renan, Matheus França e Carlos Cuesta. Destes, a grande maioria ? Gómez, Renan, França e Cuesta ? chega por meio de empréstimos. O volante Thiago Mendes, por sua vez, é a única contratação definitiva até o momento, com um vínculo estendido até o final de 2027 e sendo o primeiro jogador anunciado nesta fase.

A abordagem tem sido notavelmente econômica. O Vasco praticamente não precisou mobilizar grandes somas de dinheiro para viabilizar estas aquisições, limitando os gastos a salários e pequenas taxas inerentes às operações de empréstimo. Este modelo de baixo custo a curto prazo sinaliza uma estratégia para equilibrar as contas enquanto se busca qualificar o elenco.

A Virada de Chave na Gestão de Elenco

A procedência dos jogadores emprestados é um ponto que merece destaque. Todos eles vieram do continente europeu, indicando um novo olhar sobre o mercado. Andrés Gómez estava no Rennes, da França; Matheus França, no Crystal Palace, da Inglaterra; e Robert Renan, no Zenit, da Rússia. Carlos Cuesta, que atuava no Galatasaray, da Turquia, é o único que ainda aguarda o anúncio oficial, embora o acordo entre os clubes já esteja selado. É relevante notar que, entre os emprestados, Matheus França é o único que chega sem a previsão de opção de compra ao término de seu contrato, o que pode gerar discussões sobre a sustentabilidade a longo prazo.

A negociação por Thiago Mendes oferece uma perspectiva interessante sobre a influência pessoal de Admar Lopes. O executivo já conhecia o jogador desde os tempos de Lille, na França, e possui um relacionamento consolidado com Paulo Pitombeira, empresário do atleta. Esses laços foram cruciais para o desfecho positivo da contratação em definitivo, sublinhando a importância da rede de contatos do novo diretor.

A atual política de contratações do Vasco mantém a linha de poucos gastos, uma tônica que já havia sido observada na janela de transferências anterior, quando Marcelo Sant'Ana ocupava o cargo de executivo de futebol. Contudo, há uma diferença sutil, mas significativa: enquanto na primeira janela de 2025 o foco recaiu sobre contratos definitivos, totalizando oito jogadores, a gestão Admar Lopes tem se inclinado mais para o modelo de empréstimos.

Foto: ( Matheus Lima/Vasco)

Comparativo: O Modelo Admar Lopes vs. Gestões Anteriores

Outro aspecto que se alterou foi a média de idade das contratações. Na primeira janela, a média era de 26,8 anos, enquanto sob a batuta de Admar Lopes, esse número caiu para 24,6 anos. Thiago Mendes, aos 33 anos, é a única exceção entre os novos reforços, que em sua maioria são atletas mais jovens. Essa tendência indica uma busca por um elenco com maior potencial de valorização futura.

Até o momento, tudo indica que a atual janela de transferências será a mais econômica desde a implementação da SAF. O prazo para novas aquisições, no entanto, estende-se até 2 de setembro, o que pode ainda reservar algumas surpresas dentro dessa filosofia de austeridade. Esta estratégia de mercado, focada em empréstimos e baixo custo, contrasta com o investimento feito em outras fases da SAF.

No início do ano, por exemplo, o Vasco já havia registrado a janela de verão mais barata. Contudo, na reta final daquele período, o clube ainda precisou investir 7,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 47 milhões, em valores atuais) para trazer Garré, Nuno Moreira e Loide Augusto para o setor ofensivo. Este montante, inclusive, pode ser elevado caso metas de desempenho estipuladas em contrato sejam atingidas, revelando que, mesmo com a austeridade, investimentos pontuais são realizados.

O Balanço Financeiro e a Projeção Futura

No cômputo geral, sob a gestão de Pedrinho, o Vasco já efetuou 19 contratações. A janela de meio de ano passado, por exemplo, trouxe seis reforços com um gasto aproximado de R$ 20 milhões, incluindo Coutinho e Emerson Rodríguez por empréstimo, Alex Teixeira e Souza sem custos, e Jean David (R$ 8 milhões) e Maxime Domínguez (R$ 12,4 milhões) com desembolso. A tabela a seguir detalha as movimentações de 2025:

A estratégia de Admar Lopes, com sua ênfase em empréstimos e aquisições de baixo custo, representa uma guinada clara na gestão de elenco do Vasco. Resta saber se essa abordagem, focada na austeridade e na busca por talentos europeus via empréstimo, trará os resultados esperados em campo e se consolidará como um modelo sustentável para o futuro do clube.