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Anderson Martins: Ex-Vasco e Corinthians, Engenheiro e Torcedor Fiel na Final Histórica
Por Redação FutVasco em 20/12/2025 09:11
Nascido em 21 de agosto de 1987, Anderson Martins compartilha a data de seu aniversário com o Club de Regatas Vasco da Gama, uma das equipes que ele defendeu em sua trajetória profissional. O ex-zagueiro, que vestiu as camisas de dois gigantes do futebol nacional ? Vasco e Corinthians ? encontra-se agora em uma encruzilhada emocional, com ambos os clubes disputando a cobiçada taça da Copa do Brasil. Residente em Fortaleza, mas sob a pressão familiar de seus filhos para estar no Maracanã, sua escolha de torcida para o confronto decisivo é cristalina e sem hesitação.
Sou vascaíno, todos sabem.
Desde sua aposentadoria dos gramados em 2022, Anderson Martins tem dedicado seu tempo a uma nova paixão: a Engenharia Civil. Atualmente no quarto período do curso na Unifor, ele também gerencia a KLS, uma empresa no ramo da construção civil, cujo nome é uma homenagem aos seus três filhos: Keimuel, Samuel e Lemuel. Em recente entrevista, Martins rememorou os momentos gloriosos de sua carreira, que teve início ao lado de talentos como David Luiz e Hulk nas categorias de base do Vitória, abordou o sofrimento imposto pelas lesões e compartilhou suas expectativas para a iminente final no emblemático Maracanã.
A Vida Pós-Gramados: Engenharia e Empreendedorismo
A transição do campo para a sala de aula não foi uma decisão impulsiva para o ex-atleta. Questionado sobre sua rotina após deixar o futebol, Anderson detalhou a guinada em sua vida profissional e pessoal.
Eu parei no CSA e tentei estudar futebol. Fiz alguns cursos da CBF, de gestão também, para tirar licença, mas nunca chegou a mim aquela vontade de trabalhar no futebol. Acabei retornando para Fortaleza, comecei a cursar o curso de Engenharia Civil. Estou no quarto período. Agora, estou aqui acompanhando meus negócios, acompanhando também a família de perto. Já que eu tinha ficado também muito tempo longe dos meus pais, dos meus irmãos. E a gente também decidiu, junto com a família, tirar esse tempo também aqui para os meninos, meus três filhos já, para eles aproveitarem os avós, a família.
A incursão no setor da construção civil, na verdade, representa uma continuidade de um legado familiar. A empresa KLS, embora agora com sua participação ativa, já era conduzida por seu pai e irmão durante sua época de jogador. Sua decisão de estudar Engenharia Civil surgiu do desejo de se aprofundar e contribuir de forma mais substancial para os investimentos imobiliários que a família planejava.
Na verdade, meu pai e meu irmão já tocavam meus negócios, porque na época eu jogava futebol. Quando parei, a gente ia fazer alguns tipos de investimentos no ramo imobiliário e resolvi estudar, me aprofundar para, de alguma forma, tentar ajudar e também ganhar o conhecimento nessa área. Mas eu só dei continuidade àquilo que meu pai e meu irmão já faziam.
A adaptação a um ambiente acadêmico após uma carreira de atleta profissional pode ser um desafio considerável, mas Martins encarou a mudança com determinação. Ele ressaltou a importância de manter a mente ativa e focada em novos objetivos.
O começo, às vezes, é um pouco difícil, mas eu acho que me adaptei rápido. Já tinha bem na minha mente que, quando eu parasse, teria que estudar. A vida continua, a gente é muito novo ainda quando para. E foi isso que eu decidi fazer. Não quis ficar também muito tempo ocioso, porque isso aí, às vezes, gera muita saudade do futebol. E eu já fui ocupar minha mente com outra preocupação e tem sido uma experiência legal. Tenho também procurado evoluir nessa parte. A vida é isso, são fases. Dá um pouco de saudade do futebol, mas a vida continua.
As Raízes no Futebol e a Geração Talentosa do Vitória
A jornada de Anderson Martins no futebol começou cedo, aos 11 anos, quando deixou o lar para integrar as categorias de base do Vitória. Sua passagem pelo clube baiano coincidiu com uma geração de jogadores que viriam a alcançar grande sucesso no cenário nacional e internacional. Essa experiência formativa, longe da família, moldou não apenas seu caráter, mas também sua visão de mundo.
Eu saí de casa com 11 anos de idade. Fiquei um período muito longe do meu pai, da minha família. Na época, eu peguei no Vitória a categoria de (19)86 e (19)87. Eram jogadores que, graças a Deus, tiveram muito sucesso na carreira profissional. David Luiz, teve também o Marcelo Moreno, o Wallace, que passou pelo Flamengo e tanto outros jogadores. O Hulk, que ainda está jogando. Aliás, o Hulk tem que ser estudado, né (risos).
Apesar de sua história com o Corinthians, a paixão por São Januário é inegável. Anderson Martins analisou o primeiro embate da final e expressou seu otimismo em relação ao desempenho do Vasco , enfatizando a importância do título para a torcida cruzmaltina.
Eu achei que o Vasco jogou bem. Achei que o Vasco, por jogar fora de casa, teve uma boa postura. Eu acho que os torcedores estão bem confiantes para esse jogo da final. Mas acho que está em aberto ainda. São duas grandes equipes, de grandes torcidas. Eu tive, graças a Deus, a oportunidade de jogar nesses dois clubes. Eu sei do que representam para o futebol brasileiro. Mas a minha torcida é de que o Vasco consiga esse título tão importante, tão esperado pela torcida. Acho que a torcida, com certeza, merece esse título.
O ex-zagueiro planeja estar presente no Rio de Janeiro para acompanhar a decisão, um momento que considera propício para reencontrar antigos colegas e celebrar o trabalho de figuras importantes do clube, como Felipe, Pedrinho e o técnico Fernando Diniz, com quem teve a oportunidade de trabalhar.
Eu estou na expectativa aqui. Eu creio que vai dar certo. Até para encontrar também alguns amigos que a gente fez no futebol. Também torcer o Felipe (dirigente), o Pedrinho (presidente), que são caras que a gente gosta, que estão fazendo um grande trabalho. O (Fernando) Diniz também, que eu tive a oportunidade de trabalhar. A gente fica na torcida para que o Vasco saia campeão e que realmente volte àqueles ciclos de conquistas que o torcedor merece. É um clube gigante do futebol brasileiro. A gente fica nessa expectativa. Claro, respeitando também os companheiros que tive a oportunidade de jogar lá no Corinthians. Foi um período breve. Mas a torcida vai ser para o Vascão.
Fernando Diniz e o Impacto no Vasco
A relação com Fernando Diniz, atual treinador do Vasco , remonta à passagem de Anderson pelo São Paulo, em 2019. O ex-jogador fez questão de desmistificar a imagem explosiva do técnico, revelando um lado mais pessoal e afável fora dos gramados.
Foi no São Paulo, em 2019. O Diniz é um cara do bem. Todo mundo sabe que esse jeito dele é mais dentro de campo, nos treinamentos. Mas quem conhece ele fora de campo sabe que ele é uma pessoa do bem. Um cara que sempre tratou a gente bem e só posso desejar boa sorte para ele. E fico feliz de ele estar tendo sucesso no Vasco.
Em um momento de conexão entre as gerações, Anderson Martins compartilhou um episódio em que levou seus filhos para conhecer Philippe Coutinho em um dos jogos do Vasco em Fortaleza. A alegria dos meninos ao encontrar o ídolo, especialmente após seu retorno ao clube, ilustra a paixão que o futebol e o Vasco continuam a despertar.
Foi logo no começo do ano. Acho que eles jogaram aqui contra o Fortaleza ou foi contra o Ceará. Liguei para o Felipe, há um tempo a gente não se via pessoalmente. Aí meus meninos ficaram doidos quando o Coutinho retornou, aquela coisa da música dele. Aí acabei levando lá. O Coutinho foi bem solícito, tirou foto com os meninos. Fiquei bastante feliz. E ter essa oportunidade de levar eles lá para conhecer o Coutinho, pelo que ele representa para o futebol brasileiro, que foi um ídolo lá no Liverpool, do Vasco também. Até hoje eles lembram desse dia.
Memórias Vascaínas: Títulos e Superações
A história de Anderson Martins com o Vasco é marcada por momentos de glória e superação. Ele relembrou a conquista da Copa do Brasil de 2011 e a arrancada na Libertadores de 2017, esta última em um período particularmente desafiador para o clube e para ele próprio, que retornava ao Brasil após uma passagem pelo Catar.
Foi no meu retorno do Catar. Eu sabia do desafio que seria o retorno por conta de ter ficado bastante tempo fora e também pelo Vasco que naquele momento não estava vivendo bom momento. Tanto na tabela como também de situações extracampo que tinham acontecido. Algumas confusões. Eu cheguei num momento bem conturbado. Mas, graças a Deus, depois da chegada, se não me engano, do Zé Ricardo a gente conseguiu encontrar o caminho. E também alguns jogadores começaram a se destacar, como o Paulinho, o Mateus Vital, com a experiência também do Nenê e de outros jogadores, a gente conseguiu dar uma arrancada boa. Fiz dupla com o Breno, tinha o Paulão também. Até o próprio Ricardo Graça que está agora no Japão.
A vivência em São Januário, para Anderson, foi a realização de um anseio de infância. Ele se via não apenas como jogador, mas como um representante da fervorosa torcida vascaína em campo, defendendo as cores do clube com o coração.
Eu costumo falar para a minha família, até para os meus filhos que o papai foi muito feliz de ter realizado um sonho de criança. Porque eu sou vascaíno, como todos sabem. E ter a oportunidade de jogar no Vasco... eu me vi ali como um torcedor dentro de campo. Consegui ter uma boa passagem nas vezes que estive ali defendendo. E, realmente, eu defendi as cores do Vasco de coração mesmo. Eu estava ali como um representante da torcida. Foi uma experiência bacana que eu vou levar para o resto da minha vida.
Decisões de Carreira e o Impacto das Lesões
A trajetória de Anderson Martins foi influenciada por uma grave lesão sofrida ainda no Vitória, em 2006, que, segundo ele, encurtou sua carreira. As escolhas de ir para o Catar e, posteriormente, para o São Paulo, foram tomadas pensando no futuro e nas limitações físicas inerentes à vida de um atleta.
Eu tive uma lesão muito séria ainda no Vitória. Quase eu fico sem jogar futebol. Foi em 2006, se não me engano. Tive uma lesão grave que foi por causa dela que a minha carreira encurtou. Infelizmente no futebol nós temos que tomar decisões. Não só no futebol, como na vida. E, às vezes, pelo calor da emoção, o torcedor não entende algumas escolhas. Mas a minha decisão de ir para o Catar, de também ter escolhido ir para o São Paulo, é porque a vida do atleta é uma carreira curta. Eu tinha muitos problemas físicos. Tanto que já no meu final de carreira eu não consegui ter aquela sequência por conta das minhas lesões. Às vezes a gente tem algumas escolhas. Mas sempre pensando no futuro da família. Também pensando nas condições físicas. Só você realmente sabe as suas condições físicas. E tem que aproveitar as oportunidades da vida.
Apesar de ter sido convocado para as seleções sub-18 e sub-20, inclusive sofrendo uma lesão nesta última, Anderson optou por uma liga menos exigente fisicamente, como a do Catar. Essa decisão, embora possa ter gerado questionamentos, foi estratégica para prolongar sua carreira e gerenciar as limitações de seu corpo.
Eu tive duas convocações. Uma na Seleção sub-18 e sub-20. Foi na sub-20 que eu acabei me lesionando. Foi nessa época. Eu sabia das minhas limitações físicas. E hoje para você ter uma carreira sólida na Seleção você tem que jogar em grandes centros da Europa. Não que no Brasil você não tenha essa oportunidade. Mas dentro das oportunidades que me apareceram na época, a gente conversou com a minha família e acabou decidindo que a melhor decisão seria ir para o Catar. Por conta das minhas lesões. Dos riscos que eu tinha. Se fosse para uma liga que me exigisse mais, eu poderia não conseguir ter uma carreira mais longa. Não que a liga do Catar não exigisse, mas tinha menos jogos. Isso acaba encurtando a carreira do jogador. Mas foram decisões que foram tomadas. Não tem como se arrepender.
A dor foi uma companheira constante em sua jornada nos gramados, e as sequelas das lesões ainda o acompanham. No entanto, Anderson Martins expressa gratidão pela carreira construída e pelas oportunidades vivenciadas.
Muito, muito, por muito tempo. Até hoje eu sinto as sequelas dessas minhas lesões. Muita infiltração. Muitos problemas musculares por conta desses problemas que eu tive no joelho. E são as coisas que nós carregamos quando estamos atuando no futebol. Mas não me arrependo. Foram momentos felizes. Graças a Deus eu tive a oportunidade de jogar nesses clubes e sempre procurei dar o meu melhor. E sou muito grato pela carreira que eu consegui construir.
O Momento Atual do Vasco e a Esperança de Título
Analisando a atual dupla de zaga do Vasco , Anderson Martins não poupa elogios a Robert Renan, a quem considera um talento diferenciado na defesa, comparando-o a um "número 10" pela sua qualidade técnica. Ele também manifesta sua torcida pelo sucesso do jovem zagueiro e de Gary Medel.
O Robert Renan é um número 10 jogando ali na defesa. Eu particularmente sou fã dele. Gosto muito do estilo dele de jogar. Eu já acompanhava nos jogos da seleção de base. Também no Corinthians, logo quando ele subiu. Ele tem a minha torcida, o meu desejo é que ele construa uma carreira sólida. Ele tem muito potencial. E com certeza a gente vai ficar na torcida não só para ele, como também para o Cuesta.
A atmosfera de uma final e a expectativa por um título no Vasco não são novidade para Anderson Martins, que vivenciou sentimentos semelhantes em 2011. A seriedade do trabalho de Pedrinho na presidência, apesar dos obstáculos, inspira confiança no ex-jogador , que se vê novamente na pele de um torcedor ansioso pela consagração.
A gente fica na expectativa porque sabe do anseio da torcida. Sabe do que o Vasco representa para o futebol brasileiro. E a gente sabe também da seriedade que o Pedrinho encara, o amor que ele tem pelo clube. Largou tudo para reconstruir o clube. Tomando, às vezes, muita pancada. A gente sabe que não é fácil isso. Às vezes, quando o resultado não vem, as pessoas se aproveitam dos momentos ruins para falar mal do trabalho. Mas a gente sabe que ele é sério. Porque a gente conhece as pessoas que estão ali. Eu acho que estou com o mesmo sentimento de quando eu estava lá em 2011. Não vejo a hora que o jogo acabe, que a torcida consiga comemorar esse título. Vai ser como se eu estivesse jogando. Na verdade, a gente vai estar jogando junto. Torcendo junto.
A conquista do título inédito do Vasco! Coritiba 3 x 2 Vasco | Copa do Brasil 2011
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