Vasco e a Luta Constante: Como o Clube Escapou do Z-4 em Anos Críticos

O Club de Regatas Vasco da Gama, ao término da 18ª rodada do Campeonato Brasileiro, encontra-se novamente imerso na zona de rebaixamento. Esta condição foi confirmada após a vitória do Santos por 3 a 1 sobre o Juventude na última segunda-feira. Desde seu retorno à elite do futebol nacional, o clube de São Januário tem enfrentado períodos de intensa pressão, convivendo com a ameaça do descenso em todas as três temporadas na Série A. Contudo, em dois dos últimos anos, fatores decisivos foram cruciais para reverter a trajetória e evitar a queda. Mas qual era o panorama do Vasco nestes momentos cruciais em 2023 e 2024, e quais elementos impulsionaram a mudança de rumo?

A Constante Ameaça: O Histórico do Vasco na Zona de Rebaixamento

A equipe cruzmaltina, embora conte atualmente com 15 pontos e dois jogos a menos em relação à maioria dos competidores ? partidas contra Juventude e Bahia a serem remarcadas ?, foi superada pelo Santos ao final desta rodada, retornando ao grupo dos quatro últimos. Este cenário não é inédito; o Vasco tem demonstrado uma inclinação preocupante a flertar com a parte inferior da tabela. A capacidade de reação, no entanto, tem sido uma marca distintiva, ainda que a recorrência da situação acenda um alerta sobre a estabilidade do planejamento esportivo.

O time agora se prepara para um compromisso fundamental pela Copa do Brasil nesta quinta-feira, em São Januário, contra o CSA, pelo confronto de volta das oitavas de final. O empate sem gols na partida de ida, em Maceió, significa que uma nova igualdade levará a decisão para as penalidades. Posteriormente, o foco retorna ao Brasileirão, com um embate agendado para domingo contra o Atlético-MG, às 16h (de Brasília), também em seu estádio.

Foto: (Divulgação)

A Virada de 2023: O Impacto de Ramón Díaz e Reforços Cruciais

A temporada de 2023, marcada pela esperança de dias melhores com a primeira gestão da SAF e o investimento da 777 Partners, transformou-se em uma verdadeira agonia no Campeonato Brasileiro. O clube passou mais da metade do torneio na zona de rebaixamento e só conseguiu assegurar sua permanência na última rodada. O panorama na chegada do técnico Ramón Díaz era desolador: antes do início da 18ª rodada, a equipe possuía apenas nove pontos na classificação, embora com um jogo a menos. No total, o time ocupou a zona de rebaixamento em 24 das 38 rodadas do campeonato.

Diante da realidade crítica, o Vasco agiu com urgência no mercado de transferências, buscando jogadores experientes para corrigir a rota. Nomes como Medel, Vegetti, Maicon, Payet e Paulinho foram peças fundamentais na alteração do ambiente em São Januário e na conquista de resultados positivos. A transformação em campo foi, em grande parte, personificada por Vegetti . Contratado sob certa desconfiança e desconhecido para muitos, o centroavante balançou as redes logo em sua estreia, garantindo a vitória sobre o Grêmio, e nunca mais deixou a equipe titular. Encerrou o Brasileirão daquele ano com dez gols em 21 partidas.

Dimitri Payet também protagonizou um momento emblemático, que muitos viram como uma "incorporação" do espírito de Roberto Dinamite, ao marcar um golaço de falta aos 48 minutos do segundo tempo, selando a vitória contra o América-MG. O francês, após balançar as redes, apontou para o emblema na camisa que homenageava o ídolo vascaíno, notório por seus gols de falta.

Aos 48 min do 2º tempo - gol de falta de Dimitri Payet do Vasco contra o América-MG

Com o lema "No va a bajar", o treinador argentino liderou o time em 24 confrontos pelo Brasileirão, obtendo 10 vitórias, seis empates e oito derrotas. Conquistou 36 dos 72 pontos possíveis, o que representa um aproveitamento de exatos 50%, e garantiu os 45 pontos na rodada final, com uma vitória sobre o Bragantino em São Januário.

A Resposta Rápida de 2024: Mudanças no Comando e a Reação Precoce

Em 2024, o susto com a zona de rebaixamento ocorreu de forma mais precoce e foi dissipado com maior celeridade. Ramón Díaz deixou o comando após a goleada sofrida por 4 a 0 para o Criciúma, ainda na 4ª rodada. Álvaro Pacheco assumiu a função em 19 de maio, mas sua passagem foi efêmera. Em apenas quatro jogos, o técnico português viu a equipe sofrer uma goleada histórica de 6 a 1 para o Flamengo no Maracanã, logo em sua estreia. Ao todo, foram três derrotas e um empate em sua breve gestão, que se encerrou após o revés contra o Juventude, em 20 de junho. Naquele momento, ao fim da 10ª rodada, o Vasco era o primeiro time na zona de rebaixamento, com sete pontos.

Rafael Paiva, então técnico do time sub-20, assumiu o comando na rodada seguinte, contra o São Paulo. A equipe recebeu uma nova injeção de ânimo e conseguiu emplacar uma sequência de resultados positivos, que propiciaram um campeonato mais tranquilo e, em determinado momento, até a possibilidade de brigar por uma vaga na Pré-Libertadores. No ano anterior, no atual estágio da competição (18ª rodada), o Vasco ocupava a 12ª colocação, com 23 pontos. No total, considerando o período em que comandou a equipe após a saída de Ramón Díaz, Paiva esteve à frente em 35 partidas, com 13 vitórias, 10 empates e 12 derrotas.

Sob a batuta de Paiva, o Vasco chegou à semifinal da Copa do Brasil, fase na qual foi eliminado pelo Atlético-MG. Contudo, o treinador foi demitido no final de novembro, após uma sequência de quatro derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro. As últimas três partidas da equipe no Brasileirão foram dirigidas interinamente por Felipe Loureiro. O Vasco encerrou a competição em 10º lugar, com 50 pontos, distante da disputa contra o descenso.

O Cenário Atual: Desafios Imediatos e o Caminho Adiante

A tabela a seguir compara a situação do Vasco na 18ª rodada nos anos de 2023 e 2024, bem como o desempenho dos técnicos que lideraram as reações do clube:

O Vasco , mais uma vez, se encontra em uma posição delicada no Brasileirão. Embora os jogos a menos ofereçam uma perspectiva de recuperação de pontos, a equipe precisa demonstrar a mesma capacidade de reação vista em temporadas anteriores. A história recente do clube tem sido uma montanha-russa de emoções, alternando momentos de grande apreensão com reviravoltas impressionantes. A questão que se impõe é se a atual gestão e o elenco terão a resiliência e a competência necessárias para, novamente, afastar o fantasma do rebaixamento e garantir uma temporada mais tranquila para a apaixonada torcida cruzmaltina.