Vasco de Diniz: Desempenho Frustrante no Brasileirão Desvendado

O Club de Regatas Vasco da Gama vive uma dicotomia intrigante sob o comando de Fernando Diniz. Enquanto a equipe demonstra resiliência e avança com méritos na Copa do Brasil, o cenário no Campeonato Brasileiro é de persistente apreensão. A missão inicial de Diniz era afastar o fantasma do rebaixamento, mas, apesar de uma ligeira melhora estatística, a distância para a zona de perigo permanece mínima, gerando questionamentos sobre a real evolução do time na competição mais importante do calendário nacional.

A chegada do treinador trouxe a expectativa de uma virada de chave. Nos oito primeiros confrontos do torneio, o cruzmaltino havia somado sete pontos, um aproveitamento de 29%. Com Diniz, o desempenho subiu para 38%, com 16 pontos conquistados em 42 disputados. Embora essa ascensão tenha sido suficiente para retirar o clube da zona de degola, a margem de apenas um ponto para o 17º colocado evidencia que a situação ainda está longe de ser confortável.

O Paradoxo de Diniz: Entre Atuação e Resultado

É inegável que, em diversas ocasiões, o Vasco de Fernando Diniz apresenta um futebol com mais volume e organização do que o visto anteriormente. Contudo, essa melhora qualitativa nem sempre se traduz em vitórias. A discrepância entre o que se joga e o que se colhe em pontos é um dos pontos cruciais para entender a estagnação do time na tabela. Nossa análise aponta para uma série de fatores interligados que impedem o Vasco de deslanchar no Brasileirão. Veja a comparação de desempenho:

Foto: ( Matheus Lima/Vasco)

A Fragilidade Defensiva e os Erros Capitais

A defesa vascaína tem sido um ponto de preocupação crônica por um longo período, e a chegada de Fernando Diniz não conseguiu, até o momento, estabilizar o setor. Em 14 jogos sob sua batuta no Brasileirão, a equipe sofreu 22 gols, o que representa uma média superior a 1,5 gol por partida. Este índice supera as médias dos campeonatos anteriores, indicando uma persistência do problema.

A maior parte desses gols sofridos tem uma origem comum: as falhas individuais. O Vasco lidera a Série A em número de erros individuais que resultaram diretamente em gols para os adversários, com nove ocorrências, conforme levantamento do Gato Mestre (excluindo expulsões, gols contra ou pênaltis). Essa estatística alarmante sublinha a necessidade de maior concentração e consistência dos atletas em campo.

O exemplo mais recente, e ainda vívido na memória do torcedor, foi no confronto contra o Ceará, onde erros de Paulo Henrique e Mateus Carvalho foram cruciais para que o Vasco não conquistasse a vitória. Situações semelhantes já haviam ocorrido em partidas contra o Mirassol e o Internacional, totalizando sete pontos preciosos desperdiçados em decorrência de tais equívocos.

O Desperdício de Oportunidades Ofensivas

Apesar das atuações por vezes mais propositivas, o Vasco enfrenta uma grave dificuldade em transformar as chances criadas em gols. A equipe tem demonstrado problemas persistentes para finalizar com precisão e efetividade, o que custou pontos importantes em duelos que poderiam ter sido vencidos.

Contra o Bragantino, por exemplo, o time finalizou 20 vezes, mas acertou o gol em apenas três oportunidades, culminando em uma derrota por 2 a 0. Diante do Grêmio, foram impressionantes 28 finalizações contra apenas seis do adversário, mas o placar permaneceu em um frustrante empate. Fora de casa, contra o Internacional, o Vasco chegou a abrir o marcador e teve múltiplas chances de liquidar a partida ainda no primeiro tempo, mas sofreu o empate nos minutos finais, após a expulsão de Léo Jardim, evidenciando uma inabilidade crônica em gerir e consolidar vantagens.

São Januário: De Fortaleza a Calcanhar de Aquiles

Historicamente, São Januário sempre foi um trunfo para o Vasco , um verdadeiro caldeirão que impulsionava a equipe em edições passadas do Brasileirão e, mais recentemente, na Copa do Brasil. A campanha de 2024 no mata-mata nacional, inclusive, é em grande parte explicada pelo excelente aproveitamento em seus domínios, com 14 vitórias e apenas duas derrotas em 24 jogos.

Entretanto, no Campeonato Brasileiro, o cenário é drasticamente diferente. O Vasco completou 123 dias sem uma vitória no Brasileirão em São Januário, marcando o segundo maior jejum do clube em seu estádio na era dos pontos corridos, segundo dados do Gato Mestre. A última celebração em casa foi contra o Fortaleza, um 3 a 0 em 17 de maio, que curiosamente representa o único triunfo de Diniz no torneio dentro de seus domínios.

Desde então, o Vasco acumulou derrotas para Bragantino e Corinthians em São Januário, além de empates contra Grêmio, Atlético-MG e Ceará. A situação se agrava ao considerar a derrota para o Botafogo no Brasileirão, um jogo que a diretoria optou por transferir para o Mané Garrincha, em Brasília, o que contribuiu ainda mais para o retrospecto desfavorável como mandante na competição. A mística de São Januário, ao menos no Campeonato Brasileiro, parece ter sido temporariamente perdida.