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Vasco da Gama: Os 80 Anos do Invicto de Terra e Mar – Uma Lenda Viva

Por Redação FutVasco em 18/11/2025 11:11

A melodia que ecoa nos corações vascaínos em São Januário, o hino "Sou Vasco da Gama, meu bem, campeão de terra e mar", captura a essência de um feito que transcende gerações. Esta honraria, que celebra o primeiro clube a conquistar de forma invicta os domínios terrestre e marítimo, atinge neste 18 de novembro a notável marca de 80 anos. Foi em 1945 que o Club de Regatas Vasco da Gama não apenas consolidou sua supremacia, mas também deu origem a uma das mais emblemáticas formações do futebol brasileiro e mundial: o lendário Expresso da Vitória.

A alcunha "campeão de terra e mar" nasceu de uma façanha sem precedentes. No remo, o Vasco dominou o Campeonato Carioca, vencendo todas as cinco regatas da temporada. Nos gramados, a equipe impôs uma superioridade esmagadora sobre os adversários estaduais, pondo fim a um incômodo jejum de oito anos sem o título carioca, período marcado por uma peculiar "maldição" que assolava o clube. Nosso portal investiga os bastidores desta dupla conquista histórica.

O Fantasma de Arubinha e o Fim do Jejum

Antes da glória de 1945, pairava sobre São Januário uma narrativa quase mística, datada de 1937. Após uma avassaladora vitória do Vasco por 12 a 0 sobre o modesto Andarahy no Campeonato Carioca, o jogador Arubinha, do time derrotado, concedeu uma entrevista ao jornal "O Radical" onde, supostamente, lançou uma maldição sobre o Gigante da Colina: "12 anos sem ser campeão" ? um para cada gol sofrido. Lendas populares da época até especulavam sobre a presença de um sapo enterrado no gramado vascaíno, selando o feitiço.

Esta "praga" se tornou um fardo para o Vasco , que, ano após ano, via o Campeonato Carioca escapar, alimentando a crescente inquietação da torcida e a repetição incessante da história de Arubinha. As campanhas frustrantes exigiram uma reavaliação profunda da política do clube, culminando na chegada de Cyro Aranha à presidência em 1942. Sua gestão implementou mudanças drásticas na formação do elenco, pavimentando o caminho para o fim do jejum, que, no entanto, ainda perduraria por mais três temporadas.

A Gênese do Expresso da Vitória: Renovação e Talento

A reestruturação administrativa do clube, iniciada em 1942 com a ascensão de Cyro Aranha, foi um catalisador decisivo. A nova diretriz focava em atrair atletas que já se destacavam contra o próprio Vasco , uma estratégia inovadora para a época. Nomes como Ademir de Menezes, Jair, Lelé, Nilton e Sampaio foram os primeiros a chegar em 1942, estabelecendo a base do que viria a ser o Expresso da Vitória.

A equipe se consolidou com a chegada do técnico Ondino Viera em 1943, acompanhado por talentos como Chico, Djalma e Isaías. Em 1944, Ely do Amparo, o "xerife" e então capitão do Canto do Rio, uniu-se ao elenco , reforçando a defesa. O último ano, 1945, trouxe as peças finais para essa máquina invencível: Augusto, que se tornaria o capitão, e Barbosa, uma lenda em formação que viria a ser o maior goleiro da história cruzmaltina.

A Conquista Impecável nos Gramados Cariocas

O termo "Expresso da Vitória" ganhou vida em 1945, cunhado pelo cartunista argentino Lorenzo Molas no Jornal dos Sports. Após uma vitória do Vasco sobre o Madureira pelo Torneio Municipal daquele ano, Molas ilustrou uma locomotiva bigoduda, personificando o ímpeto avassalador do time. Com a conquista invicta dos nove jogos do Torneio Municipal e a vitória no Torneio Início, o Vasco ingressou no Campeonato Carioca como o principal candidato à tríplice coroa.

A equipe de Ondino Viera manteve seu ritmo imparável, garantindo o título estadual de forma antecipada em 11 de novembro, após uma goleada de 4 a 0 sobre o Madureira e o empate do Botafogo contra o São Cristóvão. O emblemático "jogo das faixas" ocorreu uma semana depois, em 18 de novembro, contra o arquirrival na Gávea. O Flamengo chegou a liderar por 2 a 0, mas a resiliência vascaína se manifestou com dois gols de Isaías no segundo tempo, selando o empate.

A partida foi marcada por uma interrupção turbulenta, com a expulsão de Biguá e confrontos nas arquibancadas que resultaram em invasão de campo. O desfecho da partida, dois dias depois, confirmou o placar de 2 a 2, consolidando a campanha invicta. Ao final da temporada, entre o Torneio Municipal e o Carioca, o Vasco totalizou um desempenho notável:

Total de Partidas Vitórias Empates Gols Marcados Gols Sofridos
27 22 5 99 25

A máquina ofensiva marcou 99 gols e sofreu somente 25, exorcizando definitivamente o "fantasma de Arubinha" de São Januário.

A Hegemonia Cruzmaltina nas Águas: O Título do Remo

Paralelamente à glória nos gramados, o Vasco dominava as águas cariocas com o que ficou conhecido como "Expresso das Águas". O Campeonato Carioca de Remo de 1945, composto por quatro regatas oficiais e uma final decisiva, viu o clube de São Januário vencer todas as etapas. A regata final, que coroaria o campeão invicto do estadual, aconteceu na manhã do histórico 18 de novembro, o mesmo dia em que o clássico contra o Flamengo selaria o bicampeonato invicto.

Este feito náutico somou-se a uma tradição vitoriosa, elevando para 21 o número de títulos estaduais do Vasco no remo até então. A hegemonia se estenderia ainda mais, com uma notável sequência de 16 campeonatos consecutivos entre 1944 e 1959, um recorde de longevidade no remo carioca que permanece inigualável até hoje.

O Brilho da Primeira Estrela: Um Símbolo Eterno

A dupla conquista invicta de 1945 não foi apenas um triunfo esportivo; ela gravou o nome do Vasco da Gama na história como o primeiro clube a alcançar tal façanha. Este marco foi eternizado com a primeira estrela dourada a adornar o pavilhão cruzmaltino. As outras sete estrelas que brilham no escudo representam:

Ano Título
1974 Campeonato Brasileiro
1989 Campeonato Brasileiro
1997 Campeonato Brasileiro
2000 Campeonato Brasileiro
1948 Campeonato Sul-Americano
1998 Taça Libertadores
2000 Copa Mercosul

Recentemente, o clube lançou um terceiro uniforme especial, celebrando os 80 anos deste feito memorável. A camisa principal, em tom marrom, reverencia a "Terra", enquanto o uniforme de goleiro, em azul claro, simboliza o "Mar", conectando o presente à gloriosa história de 1945 e reafirmando o orgulho de ser "campeão de terra e mar".

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