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Régis, Goleiro Campeão 89: Bastidores da Era Eurico Miranda no Vasco
Por Redação FutVasco em 12/09/2025 19:11
A história do Club de Regatas Vasco da Gama é rica em personagens que transcenderam o campo de jogo, tornando-se referências de uma era. Régis, goleiro fundamental na conquista do Campeonato Brasileiro de 1989, emerge como uma dessas figuras. Mais do que um atleta, ele se revela um observador astuto dos bastidores do futebol, oferecendo uma perspectiva singular sobre a gestão de Eurico Miranda e as nuances do esporte.
Sua trajetória teve início no Dom Bosco, em Cuiabá, para onde se mudou ainda na infância, vindo de Itumbiara, Goiás. Nos primeiros passos no futebol mato-grossense, Régis dividiu o gramado com talentos como Bife, Fidélis, Mosca, Tostão e Pelézinho, absorvendo os fundamentos que moldariam sua carreira. Essa base sólida o conduziria, aos dezesseis anos, às divisões de base do Vasco da Gama, onde, embora reserva do consagrado Acácio, contribuiu para conquistas expressivas, incluindo o bicampeonato Carioca e o título nacional de 1989.
Vasco de 1989: O Triunfo e o Legado de Eurico Miranda
O ano de 1989 permanece gravado na memória vascaína como um marco. A vitória sobre o São Paulo no Morumbi, que selou o Campeonato Brasileiro, é relembrada com a convicção dos protagonistas: "Decidimos jogar e ganhar lá no Morumbi". O sucesso daquele período, contudo, não pode ser dissociado da influência de Eurico Miranda , figura que Régis descreve com uma combinação de respeito e admiração por sua perspicácia nos meandros do futebol.
O ex-goleiro não hesita em exaltar a capacidade estratégica do dirigente, evidenciada em uma das movimentações mais impactantes do futebol nacional:
Ele foi a pessoa que fez a maior jogada do futebol brasileiro, que foi a compra do Bebeto. Arrebentou com a diretoria do Flamengo, que fez um estrago lá. O Flamengo tentou revidar, levou Edmundo, Felipe, mas o impacto do Bebeto foi muito grande, sendo ainda campeão brasileiro ? disse o ex-jogador em entrevista ao Põe na Conta Podcast.
A relação de Eurico Miranda com os atletas, conforme Régis, era de um paternalismo pragmático, que garantia o bem-estar dos jogadores enquanto mantinha um controle férreo sobre os destinos do clube. Essa dinâmica particular, que muitos podem considerar controversa, era, para quem estava dentro do vestiário, um fator de estabilidade e motivação:
Para os jogadores, Eurico Miranda é o melhor do mundo. Ele fazia tudo pra gente. Você é vascaíno, quer jogar no Vasco, tem tudo. Agora, se você falasse quero sair do Vasco, você arranjava um inimigo.
Experiências Além de São Januário: Seleção e Portugal
A carreira de Régis não se limitou às glórias cruzmaltinas. Em 1986, durante um empréstimo ao América-RJ, que alcançou a notável terceira colocação no Campeonato Brasileiro, o goleiro recebeu sua primeira convocação para a Seleção Brasileira. Vestiu a camisa nacional em quatro ocasiões, estreando ao lado de nomes que se tornariam lendas do futebol, como Romário e Dunga, um testemunho de sua qualidade em um cenário de alta competitividade.
O ano de 1990 marcou sua incursão no futebol europeu, atuando pelo Braga, em Portugal. Essa experiência internacional o colocou ao lado de Carlos Carvalhal, então zagueiro e hoje um renomado treinador, evidenciando o calibre dos elencos que integrou e a diversidade de culturas futebolísticas que vivenciou.
A Era Paraná e o Retorno Cruzmaltino
Após a passagem por Portugal, Régis retornou brevemente ao Vasco , antes de iniciar o capítulo mais extenso e vitorioso de sua carreira no Paraná Clube. No tricolor paranaense, consolidou-se como um dos grandes nomes da história do clube, conquistando a impressionante marca de cinco títulos estaduais. Essa fase demonstra não apenas sua longevidade, mas também sua capacidade de ser protagonista em diferentes contextos e realidades do futebol brasileiro.
Grandes Goleiros e a Visão Sobre o Futebol Moderno
Com a autoridade de quem esteve entre as traves por anos, Régis compartilha suas análises sobre a arte de defender o gol e as figuras mais proeminentes da posição. Sua admiração por Acácio, seu antigo companheiro de Vasco , é evidente, classificando-o como "o melhor goleiro que vi jogar". Na história da Seleção Brasileira, destaca Emerson Leão, cuja performance em 1974 e 1978 considera "gigante", superando a participação de qualquer outro goleiro na competição.
As reflexões de Régis se estendem para além de sua posição. Com uma perspectiva de torcedor e conhecedor do jogo, ele traça um paralelo entre dois dos maiores gênios do futebol:
Eu sou vascaíno, fui criado em São Januário. Eu saía para ir ao Maracanã para ver Boca Juniors contra Flamengo, para ver Zico e Maradona. Zico era muito mais jogador. Para o time, mais completo, ele era craque o tempo inteiro. Maradona era showman, fazia os espetáculos dele, mas de vez em quando sumia. O Zico não? Zico era intenso.
Ao encerrar sua carreira na Inter de Limeira, após passagens por Coritiba, onde jogou ao lado de Alex e Mozart, e pelo próprio Paraná, com Ricardinho, Régis teve contato com uma gama de talentos. Sua análise do futebol contemporâneo o leva a eleger Ederson como o goleiro mais completo da atualidade. Ele justifica a escolha pela habilidade com os pés e a capacidade de sair do gol, características que, em sua visão, o superam até mesmo nomes como Neuer e Alisson, que são gigantes debaixo das traves, mas não ostentam a mesma versatilidade.
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