Manchas no Gramado de São Januário: O Impacto Real na Performance do Vasco?

A condição do gramado de São Januário tem sido objeto de observação constante, não apenas entre os torcedores do Vasco, mas também por entusiastas do futebol em geral. Uma particularidade notória são as áreas de tonalidade mais clara que se espalham por uma parte significativa do campo. Essa variação cromática levanta uma questão fundamental: essa alteração afeta a performance em campo ou se limita a um mero impacto estético?

Para elucidar essa e outras indagações, nossa equipe buscou o posicionamento de Lucas Pedrosa, diretor da Greenleaf, empresa responsável pela manutenção do campo. O profissional detalhou os fatores que contribuem para o surgimento dessas marcas no gramado. Segundo Pedrosa, o campo de São Januário opera com uma grama que já ultrapassa duas décadas de uso, em contraste com o ciclo de vida ideal de uma grama de alta qualidade, estimado em 15 anos. Após esse período, uma substituição é recomendada para a incorporação de inovações em sistemas de drenagem e irrigação.

Pedrosa explicou a natureza do gramado atual:

"O tipo de grama de São Januário é um Bermuda 419, antiga, do qual não tinha certificação ainda e, com o passar dos anos, a grama, como qualquer planta, ela tem o domínio de fazer uma mutação. Quando ela passa por algum estresse fisiológico, estresse de calor, estresse hídrico, a planta sempre vai tentando se proliferar para deixar a próxima espécie, então acaba que gera mutação."

O diretor acrescentou que

"Aquelas manchas, são mutações e começaram a aparecer nos últimos cinco anos."

Essa explicação técnica ressalta que as manchas são um processo natural de adaptação da planta a condições adversas ao longo do tempo.

Desvendando as Manchas: A Realidade do Gramado Cruzmaltino

Recentemente, profissionais da Greenleaf estiveram em São Januário para uma avaliação detalhada, realizando medições específicas no campo. Lucas Pedrosa assegurou que, apesar da aparência, a superfície de jogo mantém-se em plenas condições operacionais, e as manchas não interferem na qualidade da partida.

Ele afirmou categoricamente:

"Todas essas medições estão dentro do padrão de referência, que é tração, compactação, umidade, altura de corte. Então, o aspecto problemático hoje de São Januário é visual, mas a jogabilidade não altera nada com relação ao jogo, mas realmente fica muito feio."

Essa perspectiva é corroborada por nomes conhecidos do futebol. Pedrosa destacou que

"Inclusive, mesmo com as manchas, o próprio Pedrinho já elogiou muito o gramado, o próprio Philippe Coutinho elogiou, porque não altera a jogabilidade."

Tais depoimentos de atletas experientes reforçam a tese de que, funcionalmente, o gramado está apto para o alto rendimento, ainda que o visual possa ser um ponto de discórdia.

O retorno do Vasco a São Januário está agendado para 2 de novembro, em confronto pelo Campeonato Brasileiro contra o São Paulo. Até essa data, a Greenleaf comprometeu-se a otimizar a qualidade da jogabilidade do gramado. Contudo, no que diz respeito às manchas, a intervenção máxima possível é a de atenuá-las. A remoção completa exigiria a substituição integral do gramado, um investimento estimado em R$ 2 milhões.

Avaliação Técnica: Desempenho em Campo e Percepção Visual

A possibilidade de uma reforma completa do gramado está, no momento, descartada. Essa decisão estratégica leva em conta as futuras obras de modernização do estádio, que têm previsão de início para o começo do próximo ano, tornando um investimento de tal porte na grama atual inviável a curto prazo.

Paralelamente, a Greenleaf também é responsável pela manutenção dos campos do Centro de Treinamento Moacyr Barbosa. Atualmente, a estrutura conta com dois campos de treinamento, mas há planos para a construção de uma terceira área em 2026. Lucas Pedrosa confirmou que existem diálogos em andamento com a diretoria do Vasco sobre essa expansão.

Ele detalhou:

"Tem a conversa de ampliação do CT, sim. Já está em pauta com o Vasco. A gente tem tido uma conversa para a construção, no caso, de mais um campo. Na verdade, tem um projeto do Vasco que comportam-se mais dois campos no CT, ampliando a área que eles têm lá. Mas a priori, a primeira conversa é sobre a construção de um campo só."

O Futuro do Palco Vascaíno: Investimentos e Perspectivas

Essas discussões indicam um planejamento de longo prazo para a infraestrutura do clube, visando não apenas o estádio principal, mas também aprimorando as condições de treinamento para os atletas. A gestão dos gramados, tanto em São Januário quanto no CT, permanece como um ponto central na estratégia de qualificação das instalações vascaínas.