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Fernando Diniz Explica Ascensão do Vasco: Estratégia, Contratações e Elos com a Torcida

Por Redação FutVasco em 27/09/2025 21:52

O Cruzmaltino alcançou a décima posição no Campeonato Brasileiro após superar o Cruzeiro por dois a zero, em confronto disputado neste sábado. Fernando Diniz, comandante da equipe de São Januário, externou sua satisfação não apenas com o triunfo dentro de casa, mas também com a notável sintonia estabelecida com a massa vascaína que lotou o estádio.

Em um ponto crucial de sua análise, o treinador ressaltou a simbiose entre o time e a torcida. "A coisa mais importante que aconteceu hoje foi essa conexão com a torcida. (São Januário) cheio, o time jogou junto. O time foi tão bom quanto a torcida. Essa conexão faz o Vasco ser muito mais forte", afirmou Diniz, projetando um futuro de maior solidez e a contínua aprovação dos torcedores em relação ao desempenho em campo.

Conexão Cruzmaltina: A Força da Torcida em São Januário

Diniz discorreu sobre a capacidade de seu elenco em transições ofensivas, mas dedicou atenção especial à anulação das virtudes do adversário. O técnico enfatizou a necessidade de compreender as ameaças do Cruzeiro, equipe com um histórico notável de gols originados em transições e bolas paradas no campeonato. Segundo o treinador, a estratégia passava por:

"saber perder a bola e saber, em alguns momentos, parar o jogo. Quando não conseguir parar, deixar o jogo mais lento. Se nem uma nem outra coisa, proteger a profundidade."

O comandante avaliou que a equipe logrou êxito em aplicar essas diretrizes, minimizando as oportunidades do time mineiro de explorar a profundidade e executar transições velozes.

Ao ser indagado se o Vasco "soube sofrer" contra o Cruzeiro, Diniz refutou a expressão. "Não é que a gente soube sofrer", corrigiu. Ele elucidou que a equipe, ao baixar suas linhas defensivas diante da preferência do Cruzeiro por profundidade, agiu estrategicamente. "Quando a gente não conseguia encaixar rápido, a gente tinha que descer mesmo", explicou. O treinador caracterizou o adversário como um time "muito vertical", que não se sente confortável em empurrar o oponente para trás com posse prolongada. Segundo Diniz, ao adotar um bloco baixo, o Vasco "quase não sofreu". Ele salientou a ausência de grandes chances do Cruzeiro ou de defesas notáveis de Léo Jardim, e citou estatísticas avançadas de expectativa de gol para corroborar que o time mineiro não gerou lances importantes nem finalizou com frequência na área. "O time soube se defender bem, não é que soube sofrer", concluiu, contrastando com a superioridade numérica do Vasco em suas próprias finalizações.

A Mestra Tática de Diniz: Anulando os Pontos Fortes do Adversário

Apesar da solidez defensiva, Diniz apontou aspectos a aprimorar. "O que faltou um pouco para o time foi ter mais controle da posse. Acho que poderíamos ter tido, em determinados momentos, mais circulação da bola", admitiu. Ele identificou a tendência de alongar as jogadas sem a devida presença para a disputa ou recuperação da segunda bola como um problema, especialmente no primeiro tempo, onde a perda dessas segundas bolas "fez o Cruzeiro ter mais volume". O técnico reiterou que essa situação não decorreu de uma imposição adversária, mas sim de uma adaptação tática bem-sucedida contra um "time que é muito bom, bem treinado, com jogadores que são muito talentosos", citando Matheus Pereira e Kaio Jorge. Diniz finalizou descrevendo a partida como um "jogo grande", no qual o Vasco soube aplicar os recursos treinados para maximizar as chances de vitória.

Diniz fez questão de rememorar o processo de contratações, destacando a cautela empregada em um cenário de grande pressão e recursos limitados. "Isso vale a pena dar uma retomada que existia uma pressa muito louca por contratação na janela. Quando fazemos de uma maneira muito apressada, ainda mais sem dinheiro e sem chance de erro quase nenhuma, acabamos errando", pontuou. O técnico revelou que a maioria das aquisições ocorreu no final da janela de transferências, fruto de um trabalho exaustivo e colaborativo envolvendo diversos membros da equipe, como Felipe, Admar, e o departamento de análise. A insistência pessoal em contatos e reuniões foi determinante para a chegada dos atletas.

Reforços Assertivos: A Estratégia por Trás das Contratações Vascaínas

A sinergia nesse processo, aliada ao "receio de errar na contratação - porque temos que ter para errar menos", resultou em acertos, conforme Diniz. Ele classificou a janela como "muito boa", caracterizada por poucas, porém assertivas, aquisições. Além de Cuesta e Robert Renan, o treinador citou Andres, cuja chegada foi "muito boa", e Matheus França, um "jogador muito talentoso" que gradualmente recupera a melhor forma. Thiago Mendes, com seu "histórico muito importante no futebol", também foi mencionado, com a expectativa de breve recuperação de lesão. Diniz reiterou que as contratações foram executadas com meticulosidade e um esforço coletivo.

Ao abordar a relevância de Vegetti, Diniz o descreveu como "nosso capitão e artilheiro", enfatizando sua forte ligação com os torcedores. O centroavante, crucial desde sua chegada, manteve sua importância na partida recente. O técnico defendeu o jogador, afirmando que "quando o resultado não vem, queremos arrumar um culpado e acham o culpado errado", e sublinhou o valor tático de Vegetti . "Cumpre as funções sem a bola com muita precisão, não tem preguiça para fazer e tem saúde, embora com 30 e altos anos", destacou Diniz, elogiando sua participação na disputa de bolas longas, marcação e recomposição em todos os momentos do jogo.

Destaques Individuais e o Radar da Seleção: O Talento de Robert Renan

Questionado sobre a possibilidade de indicar um jogador vascaíno para a Seleção, Diniz admitiu a dificuldade da escolha, mas expressou convicção de que o monitoramento já ocorre. "Acho que o Vasco tem pontuado bem nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro, mas a gente tem jogado bem praticamente todos os jogos desde que eu cheguei aqui. Muitos jogadores evoluindo", observou. Para o treinador, a evidente capacidade dos atletas em atuar bem em confrontos de grande porte, sendo decisivos tanto no ataque quanto na defesa, coloca diversos nomes no radar da comissão técnica da seleção.

Como exemplo, Diniz citou Robert Renan, um jovem de 21 anos. "Talvez seja um dos zagueiros construtores com maior qualidade, não só no Brasil, como no mundo inteiro. Desconheço jogador canhoto, com a idade dele, que constrói como ele, em qualquer liga", elogiou o técnico. Ele recordou a insistência do clube para o retorno do atleta, que havia saído do Internacional após uma falha e inicialmente relutava em voltar. A condição de vascaíno do jogador e sua trajetória de reconstrução de carreira foram salientadas, com Diniz manifestando "convicção que se, não for agora, daqui a pouco ele vai retornar à Seleção". Ele lembrou que Robert Renan já integrou a Seleção e ascendeu ao time principal do Corinthians aos 17 anos, um feito raro para um zagueiro.

Ao discutir a importância de Puma e a dinâmica da lateral, Diniz reiterou sua filosofia: "A tendência é eu colocar os melhores jogadores para jogar. Vou fazer isso sempre na minha carreira inteira." Ele enfatizou sua flexibilidade tática, desvinculada de posições fixas. "Não sou um cara preso a uma posição. Se tenho quatro meias que estão brilhando e os atacantes não estão bem, vão jogar os quatro meias", exemplificou, citando sua passagem pelo São Paulo. O técnico assegurou que, com o elenco completo e em boa fase, os atletas mais qualificados sempre terão prioridade, mesmo que isso exija ajustes em função de sobreposições de características.

Diniz também detalhou as jogadas de inversão, esclarecendo que "não foi só o Puma" o responsável pela iniciativa no gol. Ele explicou que Puma "bate muito bem na bola e tem uma inversão facilitada porque chega com um pé direito e essa diagonal longa se oferece a ele". No entanto, o técnico fez questão de mencionar que Robert Renan realizou "pelo menos três inversões", evidenciando essa característica em seu jogo. Diniz apontou que o lado direito do campo tem sido mais propenso a essas bolas longas, enquanto jogadores como Paulo Henrique e Cuesta focam mais na condução. Mencionou ainda Hugo Moura, Coutinho e Barros como atletas com boa capacidade de inversão, indicando que o time possui múltiplos recursos para esse tipo de lance.

Gestão de Elenco e os Próximos Passos: O Desafio Contra o Palmeiras

Ao ser questionado sobre um incidente envolvendo Hugo Moura , Diniz explicou sua intervenção direta: "Eu falei para ele voltar". O técnico aproveitou para discorrer sobre seu método de comunicação e a percepção pública. "Tomara que a gente continue rindo no dia que perder. E não crie aquela polêmica de "Olha, foi estourado, mal-educado"", ponderou, criticando o "relativismo moral" que transforma situações em espetáculos externos. Para Diniz, "o que é certo é certo", independentemente do resultado. Ele descreveu seu estilo como direto, aplicado a todos os jogadores, incluindo Rayan e Hugo Moura , sempre com o intuito de beneficiar. "Eu nunca levantei minha voz com jogador para prejudicar, muito pelo contrário. A minha vida é de dedicação plena para os jogadores e para os torcedores", assegurou. Diniz afirmou que os atletas compreendem que seus gestos visam o melhor desempenho, permitindo-lhe uma conexão autêntica, sem a necessidade de "se fazer de super educado para agradar uma plateia externa". Como prova, Hugo Moura "voltou e continuou", o que, para o treinador, demonstra uma relação distinta com o elenco e o departamento médico.

O próximo desafio do Vasco está agendado para a quarta-feira seguinte, 1º de outubro, quando a equipe medirá forças com o Palmeiras. O embate, válido pela 26ª rodada do certame nacional, será disputado no Allianz Parque.

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